São Paulo, sábado, 21 de março de 1998

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CUBA VERSUS EUA
Decisão oficializada ontem por Clinton facilita contatos entre dissidentes e moradores da ilha
Diminuição de sanções divide exilados

CLÁUDIA PIRES
de Nova York

A aprovação da diminuição das sanções americanas contra Cuba dividiu opinião de políticos e representantes da comunidade cubana residente nos EUA.
Ontem, o presidente Bill Clinton autorizou o restabelecimento de vôos diretos entre os dois países e o envio de dinheiro (US$ 1.200 por ano) a Cuba por cubanos residentes nos Estados Unidos.
A decisão foi bem recebida pelo líder cubano Fidel Castro. Em entrevista à rede de TV CNN, Castro afirmou que "está disposto a cooperar com todos os esforços para melhorar o relacionamento entre os dois países."
Já para Frank Calzon, diretor do Centro para a Liberdade de Cuba, a diminuição das sanções pode ser tomada por Fidel Castro como um sinal de aprovação de seu governo. "Os EUA têm de ter certeza de que a decisão de retirar essas medidas não será usada para reforçar o regime repressor da região."
Os deputados republicanos Ileana Ros-Lehtinen e Lincoln Diaz-Balart, ambos da Flórida, concordam com a opinião de Calzon. Para os dois republicanos, que nasceram em Cuba, Fidel Castro pode tomar a decisão como uma indicação de aprovação ao seu governo.
"É uma decisão prematura. Não existem provas de que Castro mudou seu comportamento depois que o presidente decidiu adotar as sanções contra o país", afirmou a deputada durante pronunciamento no Congresso.
Apoio
A redução das sanções recebeu apoio do senador democrata Chris Dood. De acordo com ele, a medida é "moral" e não apenas "política". O apoio à decisão também foi expressado em um comunicado emitido pela Associação para a América Latina, que tem sede em Washington.
Para a Associação da Comunidade Cubana de Miami, a medida é favorável pois facilita que os cubanos que vivem nos Estados Unidos enviem dinheiro para seus parentes em Cuba.De acordo com a secretária de Estado dos Estados Unidos, Madeleine Albright, o governo aprovou apenas a redução das medidas tomadas pelo presidente Clinton há dois anos, quando um ataque feito por dois aviões Mig cubanos derrubou dois aviões americanos desarmados. O ataque matou quatro passageiros.
Ontem, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou documento afirmando que os direitos humanos em Cuba ainda são desrespeitados.
De acordo com o relatório da ONU, a perseguição de dissidentes políticos ainda é intensa no país. Mesmo assim, o relatório aprova a diminuição das sanções e o aumento da ajuda humanitária a Cuba.



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