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GUERRA CIVIL
Massacre dos últimos quatro dias foi o maior dos últimos meses; guerrilha suspende diálogo com governo
Paramilitares matam cem na Colômbia
DA REDAÇÃO
Pelo menos cem pessoas foram
assassinadas por grupos paramilitares colombianos de extrema
direita nos últimos quatro dias no
Departamento de Cauca. Foi o
maior massacre registrado no
país nos últimos meses, segundo
as autoridades.
A ofensiva dos paramilitares,
contra o Exército de Libertação
Nacional (ELN, segunda maior
guerrilha da Colômbia), levou os
rebeldes a anunciar a suspensão
do diálogo com o governo, a
quem o grupo acusa de não cumprir "a palavra empenhada".
Apesar disso, o ministro do Interior, Armando Estrada, afirmou
que o Executivo mantém sua vontade de negociar e que não considera o anúncio do ELN uma ruptura no processo para chegar a
um acordo de paz.
O alto delegado presidencial para a paz, Camilo Gómez, que responsabilizou o chefe paramilitar
Carlos Castaño pela atual crise,
disse que está disposto a se reunir
com a direção do ELN até em outro país, com o objetivo de reativar as negociações. A Venezuela
voltou a se oferecer nesta semana
para abrigar reuniões entre o governo colombiano e a guerrilha.
Ao anunciar sua decisão de
abandonar as negociações, o ELN
acusou o presidente Andrés Pastrana de descumprir sua promessa de desmilitarizar uma zona ao
norte do país, que serviria para a
realização das reuniões de paz.
"As reiteradas violações da palavra empenhada pelo governo
demonstram sua falta de vontade
de manter um diálogo com o
ELN. Por isso, nós nos vemos
obrigados a declarar uma suspensão indefinida", disse Pablo Beltrán, que ocupa o terceiro lugar na
hierarquia do grupo guerrilheiro.
O anúncio formalizou uma situação que, na prática, existia havia duas semanas, devido à ação
paramilitar contra o ELN.
O grupo anunciou, no entanto,
que "manterá os contatos com os
distintos setores da sociedade civil para continuar a incentivar
uma saída política para o conflito" e insistiu na realização de uma
convenção nacional em prol da
paz com a sociedade civil no sul
de Bolívar.
O ELN reivindica de Pastrana a
desmilitarização de uma região de
2.000 km2. Apesar de o presidente
ter dito ao ELN que o Exército e a
polícia sairiam dessa área, a promessa não foi implementada devido à oposição das Autodefesas
Unidas da Colômbia (AUC, grupo paramilitar de extrema direita)
e de moradores da área.
Nas duas últimas semanas, a
AUC lançou diversos ataques
contra acampamentos da guerrilha na região. Para responder à
ofensiva, o ELN se aliou às Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, a maior guerrilha do país).
Sem esperança
A maioria dos colombianos
(62%) não acredita que as negociações de paz possam levar a resultados favoráveis, segundo uma
pesquisa de opinião divulgada
ontem pela rádio RCN.
A pesquisa, realizada pelo instituto Gallup com mil pessoas de
várias cidades colombianas, indica que 75% dos entrevistados reprovam a forma como Pastrana
negocia com os paramilitares e
que 78% rejeitam o modo como o
presidente colombiano lida com a
guerrilha.
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