São Paulo, sábado, 21 de abril de 2001

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SAÚDE

Governo diz que irá pressionar os países mais ricos do mundo a fazer mais pelos países africanos devastados pela doença

G-8 faz pouco contra Aids, diz Alemanha

DA REDAÇÃO

O ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, disse ontem que a Alemanha vai pressionar as nações ricas a fazer mais pelos países africanos devastados pela Aids. Segundo ele, os governos e a indústria farmacêutica devem agir em conjunto para ajudar a combater a doença, que já atinge 36 milhões de pessoas no mundo.
Fischer disse que a Alemanha vai levar a questão à próxima reunião de cúpula do G-8 (grupo formado pelos sete países mais ricos do mundo e a Rússia), em julho, na Itália.
A ajuda internacional é fundamental para que o continente africano, com cerca de 26 milhões de soropositivos, não só adquira medicamentos para reduzir o número de mortes, mas dê início a programas de prevenção da doença.
"As pessoas precisam mudar o comportamento e praticar sexo seguro. Não é suficiente oferecer tratamento para mantê-las vivas", disse Mark Malloch Brown, coordenador do Programa de Desenvolvimento da ONU (UNDP).
Há uma grande ignorância na África em relação à Aids, e muitos governos africanos relutam em enfrentar a questão por causa de tabus sexuais ou da falta de capacidade e de recursos financeiros para lidar com o problema.
Brown acredita que a sessão especial da ONU sobre HIV/Aids, convocada para junho, em Nova York, conseguirá sensibilizar tantos os países doadores quanto os governos africanos.
O coordenador da UNDP acredita que os governos africanos passarão a assumir um compromisso maior com prevenção e tratamento e que a indústria farmacêutica reduzirá seus preços.
Apesar de os laboratórios terem retirado anteontem a ação contra a aquisição de remédios genéricos mais baratos pela África do Sul, é pouco provável que o país consiga oferecer tratamento contra a Aids à população a curto prazo.
A ministra sul-africana da Saúde, Manto Tshabalala-Msimang, visitará a Índia nas próximas semanas para discutir a questão dos medicamentos com a Cipla, a maior fabricante de genéricos do mundo, que ofereceu o coquetel anti-HIV aos governos africanos por US$ 600 por paciente ao ano (um desconto de 40% sobre o preço proposto pelas farmacêuticas).
A ministra deixou claro, no entanto, que o alto custo dos remédios e a falta de infra-estrutura para atender de forma efetiva os soropostivos impedem a compra de grandes quantidades de medicamentos anti-HIV.
Funcionários do Ministério da Saúde dizem que o governo sul-africano está comprometido a combater a doença por meio de programas de prevenção e de genéricos contra males associados à Aids, como pneumonia e doenças sexualmente transmissíveis.
"O uso de medicamentos anti-HIV vai depender de uma decisão de política por causa dos custos. Os preços em oferta ainda não estão de acordo com o que é possível", disse Jo-Anne Collinge, porta-voz do Ministério da Saúde

Brasil
A votação, na Organização Mundial do Comércio, em Genebra, da proposta brasileira para que todos os pacientes com Aids tenham acesso a medicamentos mais baratos foi transferida para segunda-feira. O projeto, que tem causado polêmica, considera o acesso aos medicamentos um direito humano. A proposta tem o co-patrocínio de 50 países e conta, na Europa, com apoio dos governos de Itália, França, Bélgica, Portugal, Holanda, Luxemburgo, Espanha e da Irlanda.


Com agências internacionais


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