DA REDAÇÃO

Durante visita de dois dias à Rússia, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, teceu elogios à crescente cooperação entre os dois países, mas não deixou de criticar a concentração de poder nas mãos do presidente e a situação da imprensa no país.
Rice encontrou-se ontem com o presidente Vladimir Putin, que elogiou a participação dela no estabelecimento das "relações de alto nível" que hoje existem entre EUA e Rússia. Ela afirmou esperar a continuidade das "discussões frutíferas" hoje existentes.
À imprensa local, no entanto, Rice foi um pouco menos diplomática: "Não deveria haver tanta concentração de poder na Presidência e é preciso haver uma imprensa independente", afirmou.
As críticas porém não deram o tom da entrevista. Ela enfatizou que os EUA vêem a Rússia como um "parceiro estratégico" em assuntos como o controle da difusão de armas nucleares e a resolução de conflitos regionais.
Durante a entrevista, Rice, que foi especialista em União Soviética no Departamento de Estado dos EUA, ensaiou responder algumas perguntas em russo, mas não se saiu muito bem. Perguntaram-lhe se ela poderia se candidatar à Presidência dos EUA. "Da" [sim], foi a resposta. Quando percebeu que compreendeu errado a questão, tentou corrigir as coisas, repetindo a palavra "Nyet" [não] sete vezes seguidas.
Em outra entrevista, Rice disse ter expressado às autoridades militares russas a preocupação dos EUA com a recente venda de armas do país à Venezuela, que, segundo ela, poderá comprometer a estabilidade política da região.
Rice deixou a Rússia no fim da tarde, rumo à vizinha Lituânia, onde participou de um encontro de membros da OTAN. Durante a viagem, ela disse a repórteres que Washington observa com atenção o resultado do julgamento do magnata do petróleo Mikhail Khodorkovsky, visto por muitos como uma orquestração de Moscou com objetivos políticos. "Estamos procurando por sinais de que de fato o império da lei vigora na Rússia", afirmou.
Ao abrir o encontro da Otan em Vilnius, na Lituânia, Rice afirmou que o principal problema a entidade no momento é o Oriente Médio. "Estamos de acordo que a tarefa mais importante com que nos defrontamos neste momento é uma retirada bem sucedida de Israel de Gaza e dos quatro assentamentos na Cisjordânia."
Hoje Rice planejava se encontrar com membros da oposição de Belarus, país vizinho comandado pelo ditador Alexander Lukashenko. Ela afirmou que "Belarus é a última ditadura no centro da Europa e chegou a hora da mudança". Disse ainda que os EUA poderão de apoiar forças pró-democráticas que possam levar à derrubada da ditadura no país, repetindo o que ocorreu recentemente na Ucrânia.