São Paulo, domingo, 21 de maio de 2006

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Ahmadinejad sepultou ciclo reformista

DA REDAÇÃO

O chamado setor reformista iraniano, que nos últimos anos teve seu maior expoente no ex-presidente Mohammad Khatami (1997-2005), sofreu um golpe fatal ao não conseguir classificar seu candidato para o segundo turno da eleição presidencial de 2005.
A disputa acabou ficando entre o radical Mahmoud Ahmadinejad, que venceu, e o conservador moderado Hashemi Rafsanjani, que governou o Irã entre 1989 e 1997.
Numa campanha em que tentou reviver o fervor da Revolução Islâmica, Ahmadinejad obteve 61,8% dos votos, tornando-se o primeiro presidente laico do Irã em 24 anos. Mas a palavra final nas decisões políticas continua com o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país, inclusive em relação ao polêmico programa nuclear do país.
A chegada de Ahmadinejad ao poder marcou o fim dos esforços reformistas e o reforço da aversão à cultura ocidental, principal mote da Revolução Islâmica de 1979, liderada pelo aiatolá Khomeini.
Com a vitória da revolução, a radicalização interna levou ao confronto externo, exacerbado no antagonismo com os Estados Unidos, chamado pelos aiatolás de "grande satã". No incidente mais grave, que causou o rompimento das relações entre Washington e Teerã, estudantes tomaram a Embaixada dos EUA e mantiveram 52 reféns por 444 dias.
Com um discurso duro, em que combina a negação do Holocausto, a defesa da destruição de Israel e bravatas sobre o direito do Irã de desenvolver tecnologia nuclear, Ahmadinejad, que participou da tomada da embaixada em 1979, conquistou apoio popular em torno do nacionalismo, mas aumentou o isolamento do Irã.
Seu discurso radical e as ambições nucleares levaram a França e o Reino Unido a se unir aos EUA na campanha para que o país seja punido pela ONU. A aplicação de sanções, por enquanto, tem sido freada pelos outros dois membros permanentes do Conselho de Segurança, China e Rússia.


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