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Virada faz de azarão favorito no México
A quarenta dias das eleições, esquerdista López Obrador é ultrapassado por Felipe Calderón, candidato conservador
Campanha agressiva do candidato de Fox na TV e clima de "já ganhou" entre a esquerda embaralha a campanha mexicana
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Um azarão se tornou o favorito para ser o próximo presidente do México. O candidato
conservador Felipe Calderón
era desconhecido da maioria
dos mexicanos até o ano passado. Nos últimos quinze dias, ele
conseguiu superar nas pesquisas o favorito ao cargo pelos últimos dois anos, o candidato da
esquerda, Andrés Manuel López Obrador. E já tirou uma
vantagem de 4% a 7% em diferentes pesquisas.
Como não há segundo turno,
a eleição no próximo 2 de julho
promete ser muito disputada. A
única certeza é que o antes todo-poderoso Partido Revolucionário Institucional, que governou o país por 71 anos, tem
poucas chances. Seu candidato,
Roberto Madrazo, tem 22%.
O crescimento de Felipe Calderón é surpresa até no seu
partido, o da Ação Nacional
(PAN), de centro-direita, que
está no governo desde 2000. O
presidente Vicente Fox preferia outro sucessor, seu ministro
Santiago Creel, e brigou com
Calderón pela insistência deste
em ser o candidato.
Calderón ganhou a disputa
interna e hoje está completamente reconciliado com Fox.
Aos 43 anos, ele é o candidato
mais jovem da campanha. Seu
índice de rejeição é de apenas
10%, o menor entre os candidatos. Madrazo tem rejeição de
36%, e López Obrador, de 24%.
Advogado e economista, Calderón é filho de um dos fundadores do PAN. Estudou em universidades particulares de
prestígio no México e fez pós-graduação em Harvard. No governo Fox, dirigiu um banco estatal e foi, por poucos meses,
ministro de Energia. Saiu, depois de uma reprimenda do
presidente por ter se "apressado" a declarar sua candidatura.
Certamente não exibe a mesma origem humilde de López
Obrador, que governou a Cidade do México entre 2000 e
2005, com aprovação de 70%.
Aos 52 anos, filho de modestos
comerciantes, Obrador orgulha-se de sua simplicidade. Não
fala inglês e em sua vida só visitou dois países no exterior: Estados Unidos e Cuba.
"A queda de Obrador se deve
ao clima de "já ganhou" que imperou em sua campanha. Tinha
uma vantagem enorme. Começou a trocar programas de tevê
por caravanas em cidades pequenas para ser aclamado como candidato do povo", diz o
escritor e jornalista Héctor
Aguilar Camín, doutor em história pelo Colégio do México.
"Ele se recusou a ir ao primeiro debate dos candidatos,
em abril, e isso foi percebido
como arrogância." Quem ganhou o debate, segundo as pesquisas de opinião? Calderón.
Para a jornalista e diretora da
edição da "Foreign Affairs" em
espanhol, Rossana Fuentes,
não há muita margem de manobra para quem vencer, dada
a ligação do país com os Estados
Unidos. "Com Obrador, teremos mais presença do Estado;
com Calderón, mais algumas
reformas liberais."
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