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EUROPA
No encontro que começa hoje, os 15 países do bloco vão tentar estabelecer uma política comum de controle das fronteiras
Limite à imigração domina cúpula da UE
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
O endurecimento das leis de imigração será a questão principal do encontro de cúpula da União Européia (UE), hoje e amanhã, em Sevilha (Espanha). Os líderes dos 15 países da UE vão tentar estabelecer uma política comum de controle das fronteiras, visando sobretudo a conter a imigração ilegal. Os clandestinos seriam hoje cerca de 3 milhões nos
países europeus, segundo estatísticas extra-oficiais.
O sucesso da extrema direita em
eleições recentes nos países do
bloco, entre eles a França, convenceram os líderes a abordar diretamente o problema. A União
Européia, estabelecida em 1993,
nunca firmou uma política comum de controle da imigração.
O primeiro-ministro espanhol,
José Maria Aznar, que é o presidente em exercício da UE, vai
apresentar um programa centrado em três pontos. O primeiro visa a harmonizar o direito de asilo
entre os países, bem como o status de refugiado político. O segundo concentra-se na luta contra a imigração clandestina e no
reforço das fronteiras da UE. O
terceiro tem por objetivo incrementar a colaboração com os países de onde vêm os imigrantes.
A criação de um corpo europeu
de policiamento das fronteiras é
uma das decisões que estão em
pauta em Sevilha. O mais provável, porém, é que os líderes decidam apenas pelo reforço do policiamento nas fronteiras, com
uma cooperação mais estreita entre as guardas dos países.
A medida mais polêmica, sugerida por Aznar, reduz a ajuda econômica para os países de onde
partem os imigrantes clandestinos caso não haja maior controle
sobre esse fluxo.
A medida recebeu o apoio de
Reino Unido, Itália e Dinamarca,
mas foi rejeitada por França e
Suécia. Para o governo francês, ela
"agravaria a situação econômica
dos países sancionados e levaria
paradoxalmente ao aumento dos
fluxos migratórios", segundo o
chanceler Dominique de Villepin.
Uma solução intermediária
também foi cogitada, mas é igualmente controversa. Em vez de punir os países com sanções, a UE
"premiaria" os que colaborassem
com a contenção dos ilegais.
O presidente Jacques Chirac declarou que está "de acordo com a
quase totalidade das proposições"
de Aznar. "Para os detalhes, nós
encontraremos as soluções necessárias, afim de que o encontro de
Sevilha seja um sucesso", disse.
Será a primeira vez que Chirac
participará de uma cúpula na Europa após ter sido reeleito e obtido maioria parlamentar -seu
bloco, de centro-direita, tornou-se a maior força política do país.
A vitória de Chirac culminou o
avanço da direita na Europa, presente agora no governo de vários
países, o que tende também a favorecer decisões conservadoras
no campo da imigração a serem
tomadas pela UE até amanhã.
Novo discurso
Com receio da "onda direitista",
até os mesmo líderes de centro-esquerda que restaram na União
Européia se curvaram a posições
conservadores sobre imigração.
Foi o que aconteceu com o trabalhista Tony Blair, no Reino
Unido, e com o social-democrata
Gerhard Schröder, na Alemanha.
Blair declarou ontem que a extrema direita voltaria a ganhar
eleições caso o medo das populações européias com os crescentes
índices de imigrantes não fossem
abordados nas discussões na Espanha.
"Precisamos mostrar em Sevilha que a UE não apenas está ciente das preocupações dos cidadãos
europeus quanto ao asilo e à imigração, mas também que nós estamos de acordo ao menos com
algumas medidas práticas para
contê-los", disse Blair.
O Reino Unido é um dos países mais afetados pelo fluxo de clandestinos, que chegam ao país sobretudo a partir da França, pelo túnel do canal da Mancha. O país é considerado como um dos mais abertos em matéria de asilo na Europa. O continente, a cada ano, recebe cerca de 400 mil pedidos de asilo de estrangeiros.
Uma pesquisa conduzida pela UE apontou que 80% dos europeus consideram que a luta contra a imigração ilegal deva ser uma prioridade para os países. Os entrevistados, contudo, consideram mais importante cuidar da manutenção da paz e da segurança (89%), lutar contra a pobreza e a exclusão (88%) e agir contra o crime organizado e o tráfico de drogas (87%).
Com agências internacionais
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