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Política ameaça acordos, diz Anistia
DE PARIS
A Anistia Internacional considera que as Convenções de Genebra, tratado internacional que regula, entre outras coisas, o status
de refugiados, estão ameaçadas
com o rumo que a política de imigração está tomando na Europa.
"Os chefes de Estado e ministros se referem a suas obrigações
com as Convenções de Genebra,
mas são palavras sem efeito prático. Muitas das medidas que eles
tomam correm o risco de reduzir
a nada as declarações das convenções, tornando cada vez mais difícil o acesso ao asilo na Europa",
disse à Folha Patrick Delouvin, da
Anistia.
Um dos problemas que os líderes europeus vão abordar na reunião em Sevilha é o status de asilo
político. Lideranças conservadoras têm argumentado que o asilo
se transformou num "mercado" e
num meio indiscriminado de imigração para a Europa.
A hipótese é contestada por Delouvin, segundo quem há três
anos o número de pedidos de asilo está estável. "Além disso, a
maioria dos refugiados não vai
para a Europa, mas para os países
mais pobres, seus vizinhos, como
ocorre no Paquistão e no Irã."
Para Jean-Christophe Dumont,
da divisão de migrações internacionais da OCDE (Organização
de Cooperação e Desenvolvimento Econômico), há um crescimento efetivo de asilados na Europa.
"O fato está ligado a dois fatores: à multiplicação de conflitos
regionais, sobretudo na África e em certas regiões da Ásia, e também à redução de outros meios legais de vir para a Europa", disse.
Ele julga que as discussões em Sevilha não deveriam se concentrar só na questão do controle das fronteiras, mas também na luta contra o trabalho ilegal de estrangeiros e no desenvolvimento dos países de origem dos imigrantes.
"Seria preciso controlar os empregadores que adotam o trabalho ilegal, criando concorrência desleal, sobretudo com outros imigrantes que já estão instalados
nos países. A evasão da mão-de-obra também afeta negativamente, no longo prazo, a economia dos países de origem dos imigrantes."
A mão-de-obra estrangeira é hoje necessária a vários setores da
vida econômica européia. Oficialmente, os países favorecem a imigração de quadros técnicos especializados. Os clandestinos, por sua vez, são empregados em trabalhos provisórios, a baixo custo e sem encargos sociais.
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