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São Paulo, sábado, 21 de junho de 2003

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IRÃ NA MIRA

Segundo John Bolton, Washington se reserva o direito de impedir que Teerã tenha armas nucleares

Atacar Irã é "opção", diz subsecretário dos EUA

DA REDAÇÃO

O subsecretário de Estado dos EUA John Bolton disse ontem que o governo americano se reserva o direito de promover uma ação militar para impedir que o Irã construa armas nucleares. Foi a primeira vez que um funcionário do alto escalão do governo americano admitiu a possibilidade do uso da força contra os iranianos.
Bolton, no entanto, salientou que essa é apenas uma entre várias opções e que ela hoje está relativamente longe.
"Isso [atacar o Irã] precisa ser uma opção", disse Bolton em entrevista à rádio BBC, de Londres. "O presidente [George W. Bush] tem dito repetidamente que todas as opções estão sobre a mesa, mas essa não apenas não é nossa preferida. Ela está longe, longe de nossas mentes", disse.
Em Amã, na Jordânia, o presidente da comissão de relações exteriores do Senado dos EUA, Richard Lugar, criticou as declarações de Bolton. "Acho que nosso presidente e nosso secretário de Estado [Colin Powell] já enfatizaram a preferência pelo caminho diplomático", disse. "Funcionários do governo fazem comentários de tempos em tempos, mas acho que devemos ver o que o presidente e o secretário de Estado dizem." Na quarta-feira, Bush disse que o mundo "não tolerará" que o Irã tenha armas nucleares.
Anteontem, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), órgão da ONU, criticou o Irã por não ter cumprido os acordos que visam evitar o uso de recursos nucleares civis para fabricar armas atômicas.
Os EUA pressionam o Irã a obedecer a um tratado de não-proliferação nuclear e a assinar um novo protocolo que permitiria aumentar as inspeções da AIEA.

Amostras
O Irã disse ontem que continuará a impedir que a AIEA tome amostras ambientais de um local particular, alegando que isso não estava previsto pelos acordos com o organismo. A declaração indica uma repentina mudança de atitude do país em relação ao órgão. Durante a semana o Irã havia dito que estava considerando "positivamente" um relatório da AIEA sobre o país.
O diretor da AIEA, o egípcio Mohamed El Baradei, havia pedido na segunda-feira ao Irã que permitisse à agencia "coletar amostras ambientais em um local particular no qual existem alegações sobre possíveis atividades de enriquecimento".
Os inspetores da agência foram retirados na semana passada do local, em Kalaye, a oeste de Teerã, ao chegar para tomar as amostras. O governo do Irã nunca revelou publicamente qual a destinação do complexo de Kalaye, mas o país é suspeito de testar centrifugação nuclear no local.
Em seu boletim noticioso de ontem à noite, a TV estatal iraniana disse que o chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Gholamreza Aghazadeh, não permitiria a retirada de amostras "em alguns locais", sem mencionar quais seriam. "Isso é contra os acordos assinados, e não permitiremos isso", disse Aghazadeh.
"Não temos nenhum problema em relação às amostras ambientais, mas nós temos dito à AIEA que esse local não é uma usina nuclear. Então, se quiserem tomar amostras, isso está fora do estabelecido pelo protocolo", disse. "Se aceitarmos operar fora do protocolo, isso não terá fim, e amanhã dez outros locais podem ser relacionados", afirmou.


Com agências internacionais

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