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Ex-empresa de Cheney leva US$ 800 milhões
ERIC LESER
DO "LE MONDE", EM NOVA YORK
A produção de petróleo deve
ser retomada amanhã no Iraque.
A reconstrução do país foi entregue a um grupo reduzido de empresas norte-americanas, sobretudo à Halliburton, especialista
em engenharia de petróleo. Mas
uma de suas filiais, a KBR (Kellogg Brown & Root), foi encarregada das refeições e uniformes de
todos os militares norte-americanos que atuam no exterior.
Entre outubro de 1995 a agosto
de 2000 a Halliburton teve como
presidente Dick Cheney, atual vice-presidente americano.
No total, a empresa obteve mais
de US$ 800 milhões em contratos,
ou um quarto do orçamento (US$
2,6 bilhões) aprovado para a reconstrução iraquiana.
Os passos mais recentes dessa
preferência datam de 8 de março,
quando a intendência do Exército
atribuiu à KBR um contrato de
US$ 71,3 milhões para permitir
que instalações petrolíferas iraquianas voltassem a funcionar.
As cláusulas não foram divulgadas. O Pentágono não fez concorrência e evocou "a necessidade de
respeitar segredos militares". O
governo Bush foi acusado por deputados democratas de favorecimento de uma única empresa.
Com o passar dos dias as críticas
diminuíram. Mas os contratos da
Halliburton são bem mais importantes do que se supunha. O grupo, por exemplo, abastece outras
bases terrestres do golfo, tendo faturado US$ 425 milhões.
Outra surpresa: o custo dos consertos em instalações de petróleo
foi triplicado e está hoje em US$
213,7 milhões. Alguns especialistas argumentam que o estado dos
campos petrolíferos de Kirkuk e
de Basra era bem pior que o imaginado. A falta de manutenção e
as pilhagens pioraram o quadro.
Foi também descoberto que os
contratos da KBR vão bem além
dos reparos de urgência nos poços e da eventual extinção de incêndios. Em carta de 2 de maio, o
general Robert Flowers, comandante da intendência, disse que
caberia também à empresa fazer
funcionar as instalações e distribuir o óleo cru. Afirmou que no
final de agosto uma concorrência
pública seria aberta.
Mas Gary Loew, encarregado
das obras nos poços e refinarias
do Iraque, disse que o prazo é
muito curto e não será respeitado.
A base jurídica em benefício da
Halliburton está num contrato fechado em dezembro de 2001 e
com duração de dez anos.
"A Halliburton pode receber
fortunas de um valor infinito", diz
o deputado democrata Henry
Waxman, que também protesta
contra o fato de não terem ocorrido concorrências para a terceirização de tarefas. Ele ainda acusa a
empresa de superfaturamento.
A empresa afirma que a escolha
foi feita com base na experiência e
que são infundadas as suspeitas
de favorecimento. A experiência é
real: entre 1992 e 1999, a KBR supriu as tropas americanas nos
Bálcãs, recebendo US$ 1,8 bilhão.
Outros US$ 103 milhões foram
pagos na guerra do Afeganistão.
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