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São Paulo, sábado, 21 de junho de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Em visita à região, americano diz que Hamas é "inimigo da paz'; premiê palestino pede fim das ações de Israel

Powell pressiona Mazen a agir contra terror

DA REDAÇÃO

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, pediu ontem ao premiê palestino, Abu Mazen, que aja não apenas para conseguir um acordo de cessar-fogo com o Hamas e com outros grupos terroristas, mas para eliminar sua capacidade de promover ataques contra israelenses.
Powell, que se encontrou ontem com Mazen na Cisjordânia e com o premiê de Israel, Ariel Sharon, em Jerusalém, durante uma visita de apenas oito horas, chamou ainda o Hamas de "inimigo da paz" e fez um apelo por ações urgentes pela implementação do plano de paz para a região lançado no início do mês.
Os esforços diplomáticos devem continuar na semana que vem, desta vez com a visita à região de Condoleezza Rice, assessora de Segurança Nacional do presidente George W. Bush.
A visita relâmpago de Powell, ontem, visava tentar salvar o plano de paz, ameaçado por uma nova onda de violência e pela oposição dos grupos radicais, dos dois lados. Um colono judeu foi morto e três ficaram feridos ontem após um ataque de um atirador palestino na Cisjordânia. Anteontem, o Exército israelense enfrentou cerca de 200 colonos judeus da Cisjordânia que tentavam impedir a desativação de um assentamento, como prevê o plano.
O Hamas assumiu a responsabilidade pelo ataque de ontem. Dois dos feridos eram americanos que visitavam familiares.
Desde a reunião de cúpula entre Sharon e Mazen na Jordânia, no dia 4 de junho, mediada por Bush, mais de 50 pessoas já foram mortas pela violência dos dois lados, esfriando as expectativas sobre um possível fim da Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense), iniciada em setembro de 2000.
Powell disse que o futuro do plano de paz depende também de ações de Israel, cujo governo direitista somente aceitou o plano após uma forte pressão americana. Segundo ele, Israel precisa tomar medidas para "facilitar o dia-a-dia do povo palestino".
Ele pediu aos dois lados que acelerassem os esforços para um acordo que permita a retirada das tropas israelenses do norte da faixa de Gaza e da cidade de Belém, na Cisjordânia.
"Precisamos nos mover com urgência", disse Powell após o encontro com Mazen em Jericó. "Não queremos que o tempo passe sem que as ações sejam tomadas. Não queremos que os terroristas vençam", disse.
Os esforços de Mazen para convencer os grupos terroristas a aceitar um cessar-fogo têm sido infrutíferos até agora. Hamas, Jihad Islâmico e Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, responsáveis pela grande maioria dos ataques contra Israel, exigem que o país suspenda antes suas ações militares.
"O inimigo da paz tem sido o Hamas, especialmente nas últimas duas semanas", afirmou Powell durante uma entrevista coletiva ao lado de Sharon. "Enquanto eles tiverem um compromisso com o terror e a violência e um desejo de destruir o Estado de Israel, creio que esse é um problema com o qual teremos de lidar inteiramente", disse.
O líder do Hamas Abdel Aziz Rantissi, a quem Israel tentou matar na semana passada em um ataque com mísseis, chamou Powell de "mentiroso e hipócrita". "Essa é uma declaração que prova que ele é um pequeno escravo dos sionistas e de seu mestre Sharon e que ele é o verdadeiro inimigo da paz e da justiça no mundo", disse.
Mazen disse posteriormente que seus esforços para um cessar-fogo não darão resultados, a menos que Israel suspenda suas incursões militares e os bloqueios nas áreas palestinas.
Para o deputado e ex-negociador palestino Saeb Erekat, o resultado da visita de Powell foi "desapontador". "O fato de Powell não ter introduzido um plano de trabalho, um cronograma e um mecanismo de monitoramento para a implementação da primeira fase do plano de paz é desapontador."


Com agências internacionais


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