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São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Com novas baixas e dúvidas sobre motivo da guerra, pesquisa aponta primeira forte queda no apoio ao presidente

51% dos americanos desconfiam de Bush

DA REDAÇÃO

Mais da metade dos americanos -51%- têm dúvidas sobre a capacidade do presidente George W. Bush de dirigir o país. O número, parte de uma pesquisa da revista "Time" com a rede de TV CNN divulgada ontem, mostra uma alta de dez pontos em relação ao estudo anterior, de março, mês da invasão do Iraque. Já a aprovação ao presidente caiu de 63% em maio para 55%.
A queda nos índices de Bush -cuja gestão econômica também é criticada- reflete os reveses americanos no Iraque, onde mais dois soldados foram mortos ontem. Enquanto crescem os questionamentos em torno da motivação para a Guerra do Iraque, as baixas dos EUA no país já somam 151, número superior às 147 da Guerra do Golfo (91).
Segundo a nova pesquisa, 49% dos entrevistados acreditam que a guerra valeu a pena em termos de custo (estimado em US$ 3,9 bilhões mensais) e baixas. O número ainda é alto, mas, pela primeira vez, minoritário.
E embora 61% consideram a intervenção justificável, apenas 40% acreditam que a campanha no Iraque seja um "sucesso".

Informação falsa
Bush, que concorre à reeleição no próximo ano, é acusado pela oposição de manipular informações sobre o Iraque para obter apoio à guerra -os democratas farão do assunto tema de comerciais na TV. A mesma situação é enfrentada por seu aliado britânico, o premiê Tony Blair, visto como não confiável por 58% dos britânicos, segundo pesquisa da Mori divulgada em 29 de junho.
A maior polêmica, no caso americano, gira em torno da inclusão de uma informação falsa sobre o Iraque no discurso sobre o Estado da União, feito por Bush em janeiro. Segundo essa informação -atribuída à inteligência britânica, que cita fontes italianas- o Iraque teria tentado comprar urânio no Níger (África) para reativar seu programa nuclear, proibido após a Guerra do Golfo.
Ontem, Bush recebeu em seu rancho, no Texas, o premiê italiano, Silvio Berlusconi- que nega o envolvimento de seu governo no caso do urânio. Os dois dariam entrevista sobre o tema hoje.
O suposto arsenal de destruição em massa iraquiano, usado como a principal justificativa para a invasão do país, em 20 de março, ainda não foi achado, o que mina a credibilidade do governo.
A questão gerou investigações no Congresso, na CIA (serviço secreto) e no Departamento de Estado. Embora não envolva Bush diretamente, o jogo de empurra dentro do governo parece, segundo a pesquisa, já ter respingado na imagem do presidente.
O Departamento de Estado, por exemplo, teria -segundo funcionários citados pela imprensa- obtido as informações sobre o urânio três meses antes do discurso de Bush e, ao passá-las à Casa Branca, o fez alertando para sua pouca confiabilidade.
Já a CIA, que assumiu a responsabilidade por não evitar que Bush usasse a informação falsa em discurso, também teve funcionários declarando à imprensa que haviam advertido o governo da procedência duvidosa da história.
Em relação ao caso do urânio, 41% dos entrevistados acreditam que Bush usou a informação falsa intencionalmente.
A pesquisa foi conduzida com 1.004 adultos residentes nos EUA nos últimos dias 16 e 17. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.


Com agências internacionais

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