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IRAQUE OCUPADO
Com novas baixas e dúvidas sobre motivo da guerra, pesquisa aponta primeira forte queda no apoio ao presidente
51% dos americanos desconfiam de Bush
DA REDAÇÃO
Mais da metade dos americanos -51%- têm dúvidas sobre a
capacidade do presidente George
W. Bush de dirigir o país. O número, parte de uma pesquisa da
revista "Time" com a rede de TV
CNN divulgada ontem, mostra
uma alta de dez pontos em relação ao estudo anterior, de março,
mês da invasão do Iraque. Já a
aprovação ao presidente caiu de
63% em maio para 55%.
A queda nos índices de Bush
-cuja gestão econômica também é criticada- reflete os reveses americanos no Iraque, onde
mais dois soldados foram mortos
ontem. Enquanto crescem os
questionamentos em torno da
motivação para a Guerra do Iraque, as baixas dos EUA no país já
somam 151, número superior às
147 da Guerra do Golfo (91).
Segundo a nova pesquisa, 49%
dos entrevistados acreditam que a
guerra valeu a pena em termos de
custo (estimado em US$ 3,9 bilhões mensais) e baixas. O número ainda é alto, mas, pela primeira
vez, minoritário.
E embora 61% consideram a intervenção justificável, apenas 40%
acreditam que a campanha no
Iraque seja um "sucesso".
Informação falsa
Bush, que concorre à reeleição
no próximo ano, é acusado pela
oposição de manipular informações sobre o Iraque para obter
apoio à guerra -os democratas
farão do assunto tema de comerciais na TV. A mesma situação é
enfrentada por seu aliado britânico, o premiê Tony Blair, visto como não confiável por 58% dos
britânicos, segundo pesquisa da
Mori divulgada em 29 de junho.
A maior polêmica, no caso americano, gira em torno da inclusão
de uma informação falsa sobre o
Iraque no discurso sobre o Estado
da União, feito por Bush em janeiro. Segundo essa informação
-atribuída à inteligência britânica, que cita fontes italianas- o
Iraque teria tentado comprar urânio no Níger (África) para reativar seu programa nuclear, proibido após a Guerra do Golfo.
Ontem, Bush recebeu em seu
rancho, no Texas, o premiê italiano, Silvio Berlusconi- que nega
o envolvimento de seu governo
no caso do urânio. Os dois dariam
entrevista sobre o tema hoje.
O suposto arsenal de destruição
em massa iraquiano, usado como
a principal justificativa para a invasão do país, em 20 de março,
ainda não foi achado, o que mina
a credibilidade do governo.
A questão gerou investigações
no Congresso, na CIA (serviço secreto) e no Departamento de Estado. Embora não envolva Bush
diretamente, o jogo de empurra
dentro do governo parece, segundo a pesquisa, já ter respingado na
imagem do presidente.
O Departamento de Estado, por
exemplo, teria -segundo funcionários citados pela imprensa-
obtido as informações sobre o
urânio três meses antes do discurso de Bush e, ao passá-las à Casa
Branca, o fez alertando para sua
pouca confiabilidade.
Já a CIA, que assumiu a responsabilidade por não evitar que
Bush usasse a informação falsa
em discurso, também teve funcionários declarando à imprensa que
haviam advertido o governo da
procedência duvidosa da história.
Em relação ao caso do urânio,
41% dos entrevistados acreditam
que Bush usou a informação falsa
intencionalmente.
A pesquisa foi conduzida com
1.004 adultos residentes nos EUA
nos últimos dias 16 e 17. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.
Com agências internacionais
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