UOL


São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA têm mais 2 mortos e vêem novo governo em 1 ano

Oleg Popv/ Reuters
Em base Habbaniya (Iraque), soldados dos EUA homenageiam colega morto em ataque; baixas constantes minam apoio a Bush


DA REDAÇÃO

Em um ano, o Iraque pode ter um governo soberano formado por iraquianos. A projeção foi feita ontem pelo chefe da Autoridade Provisória da Coalizão (APC), o diplomata americano Paul Bremer, que viajou a Washington para debater com o presidente George W. Bush a situação no país, onde mais dois soldados americanos foram mortos ontem -elevando para quatro as mortes em 48 horas.
Segundo Bremer, a APC trabalha com um prazo de seis a oito meses para que os iraquianos tenham uma nova Constituição.
"Se [a Constituição] for seguida rapidamente por eleições, é possível que tenhamos efetivamente um governo soberano em um ano", disse ele à TV Fox News. "Esperamos convocar a Assembléia Constituinte em setembro."
A APC empossou no dia 13 um conselho formado por 25 iraquianos que tem entre suas atribuições aconselhar Bremer e fazer a ponte entre os ministérios iraquianos e a administração americana. Mas o conselho não tem poder decisório -limitado à APC, formada essencialmente pela coalizão liderada pelos EUA que invadiu o Iraque em 20 de março e depôs o ex-ditador Saddam Hussein em abril.

Mortes e Saddam
A aceleração da transferência de poder aos iraquianos pode amenizar os crescentes questionamentos sobre a motivação da guerra (leia texto acima) e os protestos pela retirada americana.
Em Najaf (sul), sagrada para os muçulmanos xiitas, cerca de 10 mil pessoas protestaram ontem pedindo a retirada das tropas da cidade em três dias após surgirem rumores de que um clérigo teria sido agredido por soldados dos EUA. Armados com baionetas, os militares dispersaram a multidão.
Analistas ainda apontam a rápida transferência de poder como o único meio de conter os constantes ataques contra os ocupantes.
Com novos ataques ontem, chegou a 151 o saldo de baixas americanas em ações hostis durante a atual operação no Iraque, sendo 37 delas ocorridas no pós-guerra. Durante toda a Guerra do Golfo (1991), os EUA registraram 147 baixas em combate.
Os dois soldados mortos ontem foram vítimas de uma emboscada com granadas perto de Mossul, no norte, uma região com poucos ataques até então. Perto de Hilla (centro), os passageiros de um veículo atiraram contra uma caravana da ONU no primeiro ataque a funcionários do organismo internacional. Um dos carros na caravana colidiu com um ônibus ao tentar escapar, e seu motorista, iraquiano, morreu.
O general John Abizaid, chefe do Comando Central Americano, disse ontem em Bagdá que prevê maior violência nos próximos meses e anunciou a criação de uma força de defesa civil iraquiana, que ajudaria suas tropas.
Comandantes militares americanos já haviam aventado a hipótese de manter suas tropas no país, mesmo após os iraquianos assumirem o governo, por até quatro anos. Para Bremer, a transferência de poder não significa, necessariamente, que os soldados deixariam o Iraque. "Pode existir ainda a necessidade de mantermos as forças de segurança", declarou à rede de TV NBC.
O diplomata disse ainda que acredita que o ex-ditador Saddam Hussein esteja vivo e escondido no noroeste do Iraque, foco dos ataques. Embora tenha afirmado crer em uma "resistência organizada formada por assassinos profissionais", leais a Saddam, Bremer disse que ela se concentra "em uma pequena área e não representa ameaça estratégica".
No penúltimo dia de uma visita ao Iraque, para avaliar as falhas da ocupação, o subsecretário americano da Defesa, Paul Wolfowitz, negou haver resistência, mas apenas "forças de reação" que visam reinstalar Saddam no poder.
Com agências internacionais

Texto Anterior: Iraque ocupado: 51% dos americanos desconfiam de Bush
Próximo Texto: Bombardeios pré-guerra prepararam a invasão
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.