|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AMÉRICA LATINA
Presidente colombiano diz que aspectos básicos do Plano Colômbia devem ser mantidos, mas concorda com ajustes
Álvaro Uribe quer pacto de longo prazo com os EUA
STEPHEN FIDLER
DO "FINANCIAL TIMES", EM LONDRES
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, vai pedir o apoio do presidente dos EUA, George W.
Bush, para um compromisso de
longo prazo dos EUA com o Plano Colômbia, que visa reprimir o
cultivo de drogas ilegais no país.
Os EUA já gastaram cerca de
US$ 3 bilhões nos últimos cinco
anos com o plano e o estenderam
por um ano além de sua data final,
originalmente prevista para setembro deste ano. Mas, segundo
Uribe, é preciso estender esse
compromisso. "Precisamos de
continuidade", disse ele. "Não podemos deixar a cobra sobreviver."
Uribe concedeu entrevista em
Londres, depois de reunir-se com
o premiê britânico, Tony Blair, na
semana passada. Ele tem uma visita programada ao presidente
dos EUA, George W. Bush, no seu
rancho no Texas, em agosto.
O presidente colombiano disse
que os aspectos fundamentais do
Plano Colômbia devem ser mantidos, mas que alguns ajustes se
justificariam. A área recoberta pelo cultivo de drogas ilegais caiu de
180 mil hectares em 2002, quando
ele tomou posse, para 80 mil hectares no final do ano passado.
Uribe acredita que neste ano a
redução vai continuar, porque as
pulverizações das plantações aumentaram 30% e, sob um novo
programa, 11 mil hectares já foram erradicados manualmente,
um procedimento que impede os
pés de coca de voltar a brotar depois de pulverizados.
Indagado por que o preço das
drogas nas ruas dos EUA continua tão baixo, mesmo com a erradicação de plantações, Uribe respondeu: "Não quero entrar nessa
discussão. O que queremos é conquistar uma Colômbia sem drogas e estamos fazendo o melhor
possível para realizar essa meta".
O presidente afirmou que sua
política levou a uma queda importante da violência no país. O
número de homicídios caiu de 30
mil em 2002 para 8.500 no primeiro semestre deste ano, e ocorreram 340 seqüestros com pedido
de resgate no primeiro semestre
de 2005, contra 3.050 em 2002. Na
capital colombiana, Bogotá, não
houve nenhum seqüestro no primeiro semestre deste ano.
As medidas adotadas pelo presidente Uribe, entre elas uma lei
de Justiça e paz aprovada pelo
Congresso colombiano no mês
passado, vêm sendo fortemente
criticada por grupos de defesa dos
direitos humanos. A Anistia Internacional, cujos representantes
se reuniram com Uribe em Londres, disse que a lei "vai garantir
que os responsáveis pelas mais
bárbaras atrocidades e violações
dos direitos humanos, sejam eles
paramilitares ou guerrilheiros, jamais sejam levados à Justiça".
Uribe contestou essa alegação.
"A lei não garante anistia aos envolvidos em atrocidades ou crimes contra a humanidade", disse.
Segundo ele, ela prevê sentenças
menores para alguns guerrilheiros e paramilitares, mas "os responsáveis por atrocidades terão
de cumprir pena de prisão". Uribe afirmou que 14 mil guerrilheiros e paramilitares depuseram
suas armas desde que ele chegou
ao poder, incluindo um grupo de
600 na semana passada.
Uribe disse que o governo está
disposto a conduzir conversações
de paz com os principais grupos
guerrilheiros do país, sob a condição de que eles expressem sua boa
fé e seu interesse genuíno.
O mandato do presidente chega
ao fim no próximo ano, e ele está
bem situado nas pesquisas de opinião, com índice de aprovação
entre 65% e 70%. O Congresso
aprovou emenda para anular o
dispositivo constitucional que
impede os presidentes de cumprirem um segundo mandato, mas a
decisão ainda aguarda ser ratificada pela corte constitucional.
Tradução de Clara Allain
Texto Anterior: Bolsa-castidade: Ugandense diz que paga estudo de mulher virgem Próximo Texto: Cone Sul: Artigo polêmico ofende argentinos Índice
|