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CONE SUL
Colunista de jornal dos EUA diz que Argentina é "Arábia Saudita" sul-americana
Artigo polêmico ofende argentinos
MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES
Um texto escrito por uma colunista do diário americano "The
Wall Street Journal", condenando
a suposta falta de empenho da Argentina em combater o terrorismo internacional, desencadeou
uma briga entre o jornal e o governo argentino.
O polêmico artigo de Mary
Anastasia O" Grady, uma ex-analista de investimentos do banco
Merryl Lynch e considerada uma
colunista conservadora influente
nos Estados Unidos, foi reproduzido no jornal argentino "La Nación" no dia 16 de julho.
Intitulado "Não esperem que a
Argentina ajude a combater o terrorismo", o texto diz que o governo americano deve ser "duplamente cuidadoso" com a Argentina e afirma que o país é "a Arábia
Saudita da América do Sul, antes
do 11 de Setembro".
Para embasar a acusação, lembra o fato de a Justiça do país não
ter autorizado as extradições do
chileno Sergio Galvarino Apablaza, antigo líder do grupo extremista Frente Patriótica Manuel
Rodríguez, e de Jesús María Lariz
Iriondo, um suposto terrorista do
grupo terrorista basco ETA.
"Para compreender a solidariedade do governo Kirchner, vale a
pena prestar atenção a um de seus
políticos partidários mais importantes, Hebe de Bonafini, líder do
grupo Mães da Praça de Maio,
que festejou o que aconteceu no 11
de Setembro", diz o artigo.
O texto mexeu com os brios do
governo argentino. No último sábado, o chanceler argentino, Rafael Bielsa, respondeu às críticas
em um artigo no mesmo "La Nación", em que desqualifica a colunista. Afirma que a visão de O"
Grady é igual à dos principais
pensadores do neoliberalismo e
termina seu rechaço à posição da
colunista com as duas seguintes
frases: "É difícil acumular tantas
infâmias em tão poucas palavras"
e "Que Deus e a história as julguem por tanta ignomínia".
Um novo round da briga ocorreu ontem, com um editorial do
"The Wall Street Journal".
No texto, o jornal ironiza as afirmações de Bielsa sobre o neoliberalismo da colunista afirmando
que os peronistas têm uma "filosofia diferente, a julgar por sua recente história de contratos quebrados, destruição de bens em
dólares por meio da pesificação e
do rebaixamento do preço dos
bônus argentinos de US$ 1 para
US$ 0,34".
Um editorial de ontem do argentino "La Nación" também
condena as afirmações de Rafael
Bielsa. "[Bielsa] lamentavelmente, em vez de responder às sólidas
questões colocadas pela jornalista, se esforçou por desqualificá-la
por sua ideologia".
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