São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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CONE SUL

Colunista de jornal dos EUA diz que Argentina é "Arábia Saudita" sul-americana

Artigo polêmico ofende argentinos

MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES

Um texto escrito por uma colunista do diário americano "The Wall Street Journal", condenando a suposta falta de empenho da Argentina em combater o terrorismo internacional, desencadeou uma briga entre o jornal e o governo argentino.
O polêmico artigo de Mary Anastasia O" Grady, uma ex-analista de investimentos do banco Merryl Lynch e considerada uma colunista conservadora influente nos Estados Unidos, foi reproduzido no jornal argentino "La Nación" no dia 16 de julho.
Intitulado "Não esperem que a Argentina ajude a combater o terrorismo", o texto diz que o governo americano deve ser "duplamente cuidadoso" com a Argentina e afirma que o país é "a Arábia Saudita da América do Sul, antes do 11 de Setembro".
Para embasar a acusação, lembra o fato de a Justiça do país não ter autorizado as extradições do chileno Sergio Galvarino Apablaza, antigo líder do grupo extremista Frente Patriótica Manuel Rodríguez, e de Jesús María Lariz Iriondo, um suposto terrorista do grupo terrorista basco ETA.
"Para compreender a solidariedade do governo Kirchner, vale a pena prestar atenção a um de seus políticos partidários mais importantes, Hebe de Bonafini, líder do grupo Mães da Praça de Maio, que festejou o que aconteceu no 11 de Setembro", diz o artigo.
O texto mexeu com os brios do governo argentino. No último sábado, o chanceler argentino, Rafael Bielsa, respondeu às críticas em um artigo no mesmo "La Nación", em que desqualifica a colunista. Afirma que a visão de O" Grady é igual à dos principais pensadores do neoliberalismo e termina seu rechaço à posição da colunista com as duas seguintes frases: "É difícil acumular tantas infâmias em tão poucas palavras" e "Que Deus e a história as julguem por tanta ignomínia".
Um novo round da briga ocorreu ontem, com um editorial do "The Wall Street Journal".
No texto, o jornal ironiza as afirmações de Bielsa sobre o neoliberalismo da colunista afirmando que os peronistas têm uma "filosofia diferente, a julgar por sua recente história de contratos quebrados, destruição de bens em dólares por meio da pesificação e do rebaixamento do preço dos bônus argentinos de US$ 1 para US$ 0,34".
Um editorial de ontem do argentino "La Nación" também condena as afirmações de Rafael Bielsa. "[Bielsa] lamentavelmente, em vez de responder às sólidas questões colocadas pela jornalista, se esforçou por desqualificá-la por sua ideologia".


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