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Exigências para novos sócios produzem mais insatisfação no Leste Europeu
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os protestos na Hungria contra o premiê Ferenc Gyurcsany
e a insatisfação com o aumento
de impostos e os ajustes do governo demonstram o difícil
percurso que deverá ser percorrido pelos novos sócios da
União Européia. Para cumprir
as metas estipuladas para a
adoção do euro, eles precisam
diminuir o déficit público e
controlar a inflação com receitas econômicas impopulares.
"Será extremamente difícil
adaptar governos acostumados
a gastar demais às ordens vindas de Bruxelas ou Frankfurt",
disse à Folha o economista
Charles Epping, presidente da
Fundação pela Europa Central,
ONG sediada em Zurique.
"Mas esses países não têm alternativa. É melhor fazer esses
sacrifícios e tentar seguir o caminho tomado pela Espanha
ou pela Irlanda."
A Hungria foi o último de
uma série de países a adiar os
planos de adoção do euro por
não conseguir cumprir as metas da UE. O primeiro-ministro
tcheco, Mirek Topolanek, disse
que os planos de adotar o euro
em 2010 eram "irreais".
A Lituânia foi reprovada no
início do ano porque o índice
de inflação superou em 0,07
ponto percentual o máximo estipulado pelo Banco Central
Europeu - o que demonstra
que a UE não vai facilitar as
exigências para os novos sócios
no Leste.
A insatisfação na Hungria foi
estimulada pelo aumento da
versão local do ICMS, de 15%
para 20%, e do aumento da gasolina de 30%. Cortes nos gastos públicos -e na folha do
funcionalismo- foram anunciados. O pacote de austeridade
de Gyurcsany deve ser aprovado pela Comissão Européia na
semana que vem, como uma
tentativa de "convergência"
com os padrões da UE.
O apoio da UE ao governo de
Gyurcsany também se deve a
razões políticas. A oposição ao
governo socialista é populista
de direita e os europeus já têm
suficientes problemas com populistas conservadores no Leste Europeu.
O caso mais notório é o da
Polônia, um aluno esforçado
em matéria econômica (o PIB
cresceu 5,5% no último trimestre e o déficit público em 2007
deve ser de 2,9%, abaixo dos
3% exigidos pela UE).
Alguns dos primeiros atos do
premiê Jaroslaw Kaczynski, no
poder desde julho, não seguem
os padrões democráticos do
bloco. Ele tem perseguido funcionários públicos que trabalharam durante o regime comunista. Ultracatólico, nega-se
a reconhecer qualquer direito
aos homossexuais. No caso deles, a convergência econômica
deve chegar primeiro que a política.
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