São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 2006

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Exigências para novos sócios produzem mais insatisfação no Leste Europeu

RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os protestos na Hungria contra o premiê Ferenc Gyurcsany e a insatisfação com o aumento de impostos e os ajustes do governo demonstram o difícil percurso que deverá ser percorrido pelos novos sócios da União Européia. Para cumprir as metas estipuladas para a adoção do euro, eles precisam diminuir o déficit público e controlar a inflação com receitas econômicas impopulares.
"Será extremamente difícil adaptar governos acostumados a gastar demais às ordens vindas de Bruxelas ou Frankfurt", disse à Folha o economista Charles Epping, presidente da Fundação pela Europa Central, ONG sediada em Zurique. "Mas esses países não têm alternativa. É melhor fazer esses sacrifícios e tentar seguir o caminho tomado pela Espanha ou pela Irlanda."
A Hungria foi o último de uma série de países a adiar os planos de adoção do euro por não conseguir cumprir as metas da UE. O primeiro-ministro tcheco, Mirek Topolanek, disse que os planos de adotar o euro em 2010 eram "irreais".
A Lituânia foi reprovada no início do ano porque o índice de inflação superou em 0,07 ponto percentual o máximo estipulado pelo Banco Central Europeu - o que demonstra que a UE não vai facilitar as exigências para os novos sócios no Leste.
A insatisfação na Hungria foi estimulada pelo aumento da versão local do ICMS, de 15% para 20%, e do aumento da gasolina de 30%. Cortes nos gastos públicos -e na folha do funcionalismo- foram anunciados. O pacote de austeridade de Gyurcsany deve ser aprovado pela Comissão Européia na semana que vem, como uma tentativa de "convergência" com os padrões da UE.
O apoio da UE ao governo de Gyurcsany também se deve a razões políticas. A oposição ao governo socialista é populista de direita e os europeus já têm suficientes problemas com populistas conservadores no Leste Europeu.
O caso mais notório é o da Polônia, um aluno esforçado em matéria econômica (o PIB cresceu 5,5% no último trimestre e o déficit público em 2007 deve ser de 2,9%, abaixo dos 3% exigidos pela UE).
Alguns dos primeiros atos do premiê Jaroslaw Kaczynski, no poder desde julho, não seguem os padrões democráticos do bloco. Ele tem perseguido funcionários públicos que trabalharam durante o regime comunista. Ultracatólico, nega-se a reconhecer qualquer direito aos homossexuais. No caso deles, a convergência econômica deve chegar primeiro que a política.


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