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Na tribuna da ONU, Chávez chama Bush de "diabo"
Timothy A. Clary/France Presse
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Chávez mostra livro de Noam Chomsky ao discursar na ONU |
"Ainda está cheirando a enxofre", disse, aludindo ao discurso do americano na véspera
Para presidente venezuelano, a ONU é "inútil"; embaixador dos EUA diz que comentários não merecem resposta
DA REDAÇÃO
O presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, elevou sua guerra retórica contra os EUA em
discurso na 61ª Assembléia Geral da ONU, chamando o presidente George W. Bush de "diabo". Ele também qualificou o
organismo internacional de
"antidemocrático" e "inútil".
"O diabo esteve aqui ontem
[anteontem]. Ainda está cheirando a enxofre", disse Chávez,
enquanto se benzia, referindo-se ao discurso de Bush na véspera. "Veio aqui falando como
se fosse o dono do mundo."
De acordo com as agências de
notícias, o discurso provocou
risos discretos e "algum aplauso" da audiência. A secretária
de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, disse que os comentários não eram "apropriados para um chefe de Estado".
No dia anterior, em seu pronunciamento, Bush havia exortado os iranianos a derrubarem
o regime islâmico. Chávez fez o
mesmo com os americanos, pedindo-lhes que "detenham esta
ameaça, que paira como uma
espada sobre nossas cabeças".
O presidente venezuelano
disse que Bush vê extremistas
por todo lado. "Ele olha para
sua cor e diz: "Aí vai um extremista". Evo Morales, o valoroso
presidente da Bolívia, parece
um extremista para ele."
Chávez acusou o governo
americano de "dominação, exploração e pilhagem dos povos
do mundo". "É a maior ameaça
ao nosso planeta, pondo em risco a própria sobrevivência da
espécia humana."
Brandindo um exemplar do
livro "O Império Americano:
Hegemonia ou Sobrevivência",
de Noam Chomsky, disse que
Bush promove "uma falsa democracia da elite" e "uma democracia das bombas".
Chomsky, professor de lingüística do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), é
um dos principais ativistas de
esquerda americanos.
O confronto retórico entre
Chávez e a Casa Branca vem se
acentuando desde que os EUA
passaram a financiar a oposição
na Venezuela e estiveram sob
suspeita de apoiar a tentativa
de golpe contra o presidente
venezuelano, em 2002. Nos últimos dois meses, Chávez visitou países que o governo Bush
considera parte do "eixo do
mal", como o Irã e a Síria. No
entanto, 57% das exportações
venezuelanas, principalmente
petróleo, ainda são destinadas
aos EUA.
Reforma
No discurso, o venezuelano
defendeu ainda uma reforma
profunda na ONU que diminua
a influência americana. "Acho
que ninguém nesta sala defenderia o sistema. Sejamos honestos. O sistema da ONU criado após a Segunda Guerra entrou em colapso. É inútil."
A Venezuela compete com a
Guatemala -preferida pelos
EUA- para ocupar um cadeira
provisória no Conselho de Segurança da ONU. A escolha será feita no mês que vem pela
Assembléia Geral. Horas depois da fala de Chávez, o presidente guatemalteco, Oscar Berger, defendeu a candidatura de
seu país ao CS como uma opção
"responsável".
O embaixador dos EUA na
ONU, John Bolton, disse que os
comentários de Chávez "não
"mereciam uma resposta".
"Vou deixar que os venezuelanos decidam se o presidente
Chávez os representou e os
apresentou da maneira que eles
gostariam de ser vistos", reagiu
um porta-voz do Departamento de Estado.
Também na Assembléia Geral, o presidente argentino,
Néstor Kirchner, renovou a reivindicação sobre as Malvinas e
disse que o Reino Unido ignora
resoluções da ONU sobre o arquipélago -pelo qual os dois
países foram à guerra em 1982.
Com agências internacionais
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