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Partido força renúncia de presidente da África do Sul
Mbeki estava em atrito com Zuma, líder da sigla oficial CNA e suspeito de corrupção
Legislação local permite que mandatário seja cassado pela sua legenda; substituto não está claro, já que vice afirmou que vai renunciar
DA REDAÇÃO
O presidente da África do Sul,
Thabo Mbeki, 66, anunciou ontem que renunciaria ao cargo,
depois que seu partido, o CNA
(Congresso Nacional Africano), formalizou o pedido de
afastá-lo em razão do conflito
político que o opõe ao dirigente
partidário Jacob Zuma.
Um porta-voz da Presidência
anunciou que Mbeki, eleito em
1999 como sucessor de Nelson
Mandela e reeleito em 2004,
deixará suas funções "depois de
cumpridas as formalidades
constitucionais", referência à
declaração de vacância do poder pelo Parlamento e abertura
do processo de sucessão. Os
presidentes sul-africanos são
eleitos de forma indireta pelos
deputados e senadores.
O CNA decidiu afastar Mbeki
sob a acusação de conspirar para pressionar a Justiça a condenar Zuma por corrupção. Para
os partidários de Zuma, seu líder era perseguido por Mbeki
devido às críticas que fazia às
políticas do atual governo, que
privilegiaram os investidores
externos em detrimento da população de baixa renda.
Mas os adeptos de Mbeki dizem que a questão é bem mais
séria e envolve a reputação pessoal de Zuma, que foi destituído
da Vice-Presidência sul-africana depois que um de seus assessores, Shabir Shaik, foi condenado a 15 anos de prisão por negociar subornos que supostamente o favoreceriam. Zuma
nega que seja verdade.
Seu envolvimento no caso de
improbidade foi objeto de processo, arquivado no dia 12 pelo
Tribunal Superior de Petermaritzburgo, que não entrou no
mérito da questão e apenas
constatou erros processuais.
A ala do CNA favorável a Zuma acusou em seguida Mbeki
de pressionar o Ministério Público para recorrer da decisão e
com isso manter o líder partidário na defensiva. Não chegou
a haver recurso porque o golpe
final contra o presidente se deu
na Comissão Executiva Nacional do CNA, onde partidários
de Zuma têm a maioria.
A Constituição sul-africana
prevê a cassação do presidente
da República que seja objeto de
um voto de desconfiança da direção de seu partido.
O desfecho provisório da crise beneficia o próprio Jacob
Zuma, que é candidato favorito
às eleições presidenciais de
2009. Não estava ontem claro
se o Parlamento elegeria um de
seus integrantes para um mandato-tampão, já que a vice-presidente, Phumzile Mlambo-Ngcuka, anunciou que renunciará em solidariedade a Mbeki.
A possibilidade de que as eleições gerais sejam antecipadas
era ontem tida como pequena.
Crise no Zimbábue
A imagem internacional do
presidente Mbeki foi recentemente desgastada pela sua recusa a condenar o ditador do vizinho Zimbábue, Robert Mugabe, por violações de direitos humanos no processo eleitoral
que deu a ele seu sexto mandato presidencial. Mbeki acabou
mediando um acordo entre
Mugabe e o seu adversário
Morgan Tsvangirai.
A oposição sul-africana condenou ontem a manobra de
afastamento do presidente. A
líder da Aliança Democrática,
Helen Zille, disse que tudo não
passou de uma vingança de Zuma contra seu antigo desafeto
político. Bantu Holomisa, do
Movimento Democrático Unido, disse que a destituição do
presidente foi "um ato de barbárie política que ameaça atirar
o país na anarquia".
Com agências internacionais
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