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São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 2003

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TABACO

Aumento de 20% dos cigarros, o 2º neste ano, gera greve de comerciantes tabagistas em país em que fumar é chique

França endurece campanha contra fumo

Cristian Lutz/Associated Press
Vendedores franceses protestam contra segundo aumento de preços neste ano (Estrasburgo)


DA REDAÇÃO

Vendedores de tabaco franceses receberam a entrada em vigor ontem do aumento causado pelo governo nos preços dos cigarros com o fechamento de suas lojas e uma inédita greve nacional contra as medidas antitabagistas no país.
O aumento foi de 20%, o que deixou o valor médio do maço em 4,60 (US$ 5,40). Foi a segunda subida neste ano. Outra está prevista para o início de 2004, o que fará com que o preço médio fique em 5,40 (US$ 6,30), uma elevação de 50% no prazo de 12 meses.
Os três aumentos transformarão a França num dos países mais caros da Europa para se fumar.
A terra dos cafés cheios de fumantes e do cigarro Gauloises passa por uma mudança radical: o governo lançou a mais agressiva campanha antitabagista no país.
Autoridades estão pressionando a indústria de cinema para parar de exibir com glamour os fumantes e apertando o cerco à venda de cigarros a menores e ao fumo em lugares públicos. O governo está ainda aumentando gradualmente os impostos sobre o tabaco, o que eleva o preço final.
"Nós nunca tivemos uma campanha tão forte", disse Helène Monard, porta-voz antitabagista do Ministério da Saúde francês.
A França tem sido há algum tempo um paraíso para os fumantes, onde acender um cigarro é considerado chique. Cerca de 20 milhões fumam (mais do que um terço da população), com um índice de 50% na faixa de 15 a 24 anos, o maior da União Européia.
O país, porém, desperta aos poucos para a parte ruim: o câncer do pulmão foi a principal causa de mortes na faixa acima dos 65 anos em 2002, e doenças ligadas ao fumo mataram 66 mil pessoas.
A campanha antitabagista francesa está enfrentando certa resistência. Os aumentos constantes geraram um mercado negro, com franceses entrando na Espanha e na Itália em busca de produtos mais baratos. Os vendedores de tabaco têm feito protestos e, agora, começaram a greve nacional.
A associação da categoria disse que mais de 90% dos seus 34 mil membros fecharam as portas ontem ou se recusaram a vender.
Ao mesmo tempo, também surgiram sinais de sucesso: as vendas de cigarro caíram 8,2% nos primeiros oito meses deste ano, uma marca inédita. Enquanto é cedo para prever se a paixão francesa pelo fumo perderá força, o governo adotou uma clara mudança.
Por anos, a lucrativa indústria de tabaco foi estatal. Com isso, o combate ao fumo significava queda nas receitas governamentais. Porém, a Seita, que faz os cigarros Gauloises, foi privatizada em 1995. Os custos de saúde relacionados ao fumo também têm se tornado uma carga crescente.
Com a lei aprovada neste verão no hemisfério Norte, os menores de 16 anos não podem mais comprar tabaco na França. Foi o primeiro limite de idade. Em novembro, maços menores e mais baratos, populares entre os jovens, não poderão mais ser vendidos.
A campanha pode ser medida pela verba: o atual orçamento dá 7 milhões para o antitabagismo, contra 400 mil em 2002.

Com agências internacionais

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