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Norte-coreanos prometem não explodir nova bomba
Ditador Kim Jong-il também pediu desculpas ao enviado do governo da China
Bancos chineses cessam o
envio de dinheiro à Coréia
do Norte; Pequim joga duro
para punir país vizinho por seu primeiro teste nuclear
DA REDAÇÃO
A Coréia do Norte disse anteontem à China que não pretende fazer novos testes nucleares e lamentou a "situação
embaraçosa" em que colocou
seu gigantesco vizinho ao explodir no último dia 9 a sua primeira bomba atômica.
A informação, transmitida
pela mídia sul-coreana e japonesa, demonstra que Pequim
lavrou um tento e se qualifica
como o principal foco de pressão sobre Pyongyang para pôr
fim à atual crise asiática.
Os chineses foram bem além
das sanções votadas no sábado
passado pelo Conselho de Segurança contra o regime norte-coreano. Segundo a Associated
Press, quatro bancos estatais
da China e mais a agência do
britânico HSBC em Pequim
suspenderam ontem a transferência de dinheiro para a Coréia do Norte.
O "Financial Times" menciona rumores de que a China
também estuda a interrupção
no fornecimento de petróleo.
Ela fornece entre 70% e 80% da
energia importada pelo pequeno e isolado vizinho comunista.
Ou seja, Pyongyang tem tudo a
perder nessa queda-de-braço
com os chineses.
O presidente americano,
George W. Bush, recusou-se a
comentar o pedido de desculpas norte-coreano. Disse que se
manifestaria depois de conversar com sua secretária de Estado, Condoleezza Rice.
Ela terminou ontem em Pequim o périplo por três capitais
asiáticas -as outras foram Tóquio e Seul- para pressionar
pela aplicação das sanções votadas pelo Conselho de Segurança para punir Pyongyang
em razão da bomba.
O suposto recuo de Pyongyang quanto à realização de um
novo teste nuclear foi anunciado em Tóquio pela agência
Kyodo, que citou informes recebidos pelo chanceler Taro
Aso. A agência Yonhap, da Coréia do Sul, redigiu despacho
bem parecido, baseado em informantes chineses.
Negociações
O jornal sul-coreano "Chosun Ilbo" atribuiu a altos funcionários chineses a informação de que o ditador norte-coreano disse na quinta-feira ao
emissário diplomático da China, Tang Jiaxuan, que seu país
se dispunha a retomar as negociações sobre a desnuclearização com o chamado Grupo dos
Seis (duas Coréias, Japão, China, Rússia e Estados Unidos).
Mas condicionou essa retomada à suspensão, por Washington, de sanções financeiras
adotadas no ano passado.
Declarações menos enfáticas
nessa mesma direção foram dadas à ABC, rede americana de
TV, por Kim Kye-gwan, o principal negociador norte-coreano na área nuclear. "Não há razão para que sejamos inimigos
dos Estados Unidos", afirmou.
A secretária de Estado americana, que fará hoje uma escala
em Moscou antes de voltar aos
Estados Unidos, descartou a
suspensão das sanções financeiras em vigor desde 2005 e
disse que elas puniam Pyongyang por sua cumplicidade com
quadrilhas internacionais que
falsificam cédulas de dólar e fazem lavagem de dinheiro.
De qualquer modo, Tang Jiaxuan disse ontem a Rice que
sua viagem a Pyongyang "não
foi inútil". Rice disse aos jornalistas não saber se os norte-coreanos foram sinceros ao afirmar que desejam voltar às negociações multilaterais, das
quais se retiraram em novembro de 2005. "O que dá para notar é que eles ainda mantêm
uma tonalidade beligerante."
Ela provavelmente se referia
ao contraste entre a promessa
de Kim Jong-il à China e a
grande manifestação convocada ontem na principal praça da
capital norte-coreana, em que
estimadas 100 mil pessoas festejaram publicamente, pela
primeira vez, a explosão da primeira bomba atômica.
"O teste nuclear foi um exercício de independência e um legítimo direito da Coréia do
Norte como Estado soberano",
disse o dirigente comunista
Choe Thael-bok.
Com agências internacionais
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