São Paulo, sábado, 21 de outubro de 2006

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Conhaque é arma no embargo contra o ditador de Pyongyang

GREGORY VISCUSI
TODD ZERANSKI

DA BLOOMBERG

As Nações Unidas afetaram o ponto nevrálgico de Kim Jong-il ao embargarem a venda de produtos de luxo apreciados pelo ditador norte-coreano.
Kim e a classe dirigente norte-coreana gostam de automóveis Mercedes-Benz, conhaque Hennessy e vinhos franceses, diz Michael Breen, autor de "Kim Jong-il, o Querido Governante da Coréia do Norte". Tais produtos contrastam com a renda anual per capita de US$ 914 no país.
O "Korea Times", da Coréia do Sul, disse que a Coréia do Norte gastou US$ 24 milhões na década de 90 com a importação de relógios e US$ 1,3 milhão em perfumes franceses. Esses produtos funcionam como um instrumento de cooptação.
O embargo decidido pela ONU sobre bens de luxo se baseou no princípio de que era preciso punir os governantes e não o povo empobrecido, diz Jean-Baptiste Mattei, porta-voz da chancelaria francesa.
A decisão das Nações Unidas foi adotada no último sábado pelo Conselho de Segurança, em resposta ao teste nuclear de Pyongyang no dia 9 de outubro.
Kim, de 64 anos, sucedeu seu pai em 1997. As Forças Armadas têm toda a prioridade no Orçamento, por mais que a crise alimentar de meados dos anos 90 tenha provocado a morte de 2 milhões de pessoas.
Segundo a ONU, muitos dos 23 milhões de norte-coreanos estão cronicamente subnutridos, sem proteínas e gorduras.
Paul Beretz, consultor de empresas americanas que investem na Ásia, diz que os produtos de luxo são comprados por Kim e seus próximos por meio de empresas de fachada, criadas na China.
Kim possui automóveis Mercedes e uma fortuna pessoal de US$ 4 bilhões, obtida por meio do tráfico de drogas e da venda de mísseis, segundo relatório da Comissão de Inteligência do Congresso americano.
Jom Hoare, chefe da representação britânica em Pyongyang entre 2001 e 2002, acredita que o embargo não funcionará, porque as mercadorias de luxo continuarão a chegar depois de escala na China.
O diplomata grego Adamantios Vassilakis deverá definir o que é produto de luxo para o Conselho de Segurança e monitorar essas transações.
Em seu livro, Michael Breen diz que Kim Jong-il é o maior cliente individual da fábrica de conhaque francesa Hennessy, gastando US$ 700 mil por ano. O gerente da Hennessy na a Ásia disse não exportar diretamente para a Coréia do Norte.


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