|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pressão da UE não dobra a Rússia
Putin não aceita ratificar tratado de energia e defende reciprocidade no setor que mais preocupa os europeus
Premiê russo adverte, após
cúpula UE-Rússia, que ações
da Geórgia levarão a "banho
de sangue"; Tbilisi classifica alerta de Putin de "ficção"
DA REDAÇÃO
Pressionado por uma União
Européia cada vez mais dependente de recursos energéticos
importados, o presidente da
Rússia, Vladimir Putin, rejeitou a exigência do bloco para
que ratifique um tratado internacional de energia, mas afirmou estar confiante em um
acordo sobre investimentos
mútuos em petróleo e gás. A segurança energética ocupou o
topo da agenda da cúpula de
um dia Rússia-UE, realizada
ontem na Finlândia.
A preocupação em torno dos
recursos energéticos importados da Rússia, que fornece um
quarto do petróleo e gás consumidos pelos 25 países da UE,
aumentou depois da crise de janeiro, quando Moscou cortou o
fluxo de gás para a Ucrânia, alegando divergências de preço.
Putin disse que a reunião de
cúpula com a UE serviu para
mostrar que a relação da Rússia
com o bloco deve ter como base
a reciprocidade. "Os líderes da
Rússia e da UE mais uma vez
confirmaram que a cooperação
energética deve ser baseada na
responsabilidade mútua de
produtores e consumidores e
na segurança da infra-estrutura vital de energia", disse Putin.
O principal interesse dos
membros da UE é estabelecer
um acordo que lhes dê garantias de que podem continuar
confiando na Rússia como seu
maior fornecedor de energia.
Entre as exigências do bloco
europeu estão a de que a Rússia
abra o uso de seus gasodutos a
outras empresas, que libere o
investimento no mercado de
energia russo, controlado pelo
monopólio Gazprom, a empresas estrangeiras, e ratifique o
Tratado da Carta de Energia
(TCE), que estabelece um marco para o setor com base nas
leis de mercado.
"A Rússia precisa da Europa
na mesma medida em que a Europa precisa da Rússia", disse o
presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso. Putin, contudo, se negou a ratificar o TCE. "Não somos contra
os princípios, mas certas cláusulas precisam ser melhor definidas", disse Putin.
"Banho de sangue"
Outro fator de desconforto
nas relações entre Moscou e
Bruxelas, as restrições às liberdades civis na Rússia, foi abordado por Putin com uma advertência. Criticado pela pressão
do Kremlin à Geórgia, que se
desdobrou em perseguição aos
cidadãos georgianos que vivem
na Rússia, Putin disse que a ex-república soviética está conduzindo os conflitos com áreas rebeldes em seu território rumo a
um "banho de sangue".
"A situação está caminhando
na direção de um banho de sangue porque a liderança georgiana está tentando recuperar o
controle [das áreas rebeldes]
por meios militares", disse Putin em Lahti, na Finlândia, país
que ocupa a presidência da UE.
A animosidade entre Rússia e
Geórgia se transformou em crise aberta no fim de setembro,
quando quatro militares russos
foram presos em Tbilisi, capital
georgiana, acusados de espionagem. Os quatro foram libertados dias depois, mas o Kremlin intensificou a pressão sobre
o país, com sanções econômicas e uma perseguição aos georgianos que vivem na Rússia.
As declarações de Putin irritaram Tbilisi, que o acusou de
distorcer os fatos e interferir
nos assuntos internos da Geórgia. "Isso não diz respeito às relações entre Rússia e Geórgia,
mas entre a Geórgia, a Abkházia e a Ossétia do Sul", disse o
chanceler georgiano, Gela Bezhuashvili, em referência às regiões separatistas apoiadas por
Moscou. "O governo da Geórgia
não tem intenção de usar a força. Isso é pura ficção."
Com agências internacionais
Texto Anterior: Conhaque é arma no embargo contra o ditador de Pyongyang Próximo Texto: Kremlin culpa tradução por piada sexista Índice
|