São Paulo, domingo, 21 de outubro de 2007

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China anuncia amanhã seus novos líderes

Congresso do Partido Comunista troca, por eleição entre delegados, quatro dos nove membros do comitê permanente

Nova configuração do órgão determinará balanço entre as forças políticas ligadas ao presidente Hu Jintao e a seu antecessor, Jiang Zemin

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

O anúncio esperado para amanhã dos nove eleitos para o órgão máximo do Partido Comunista da China vai revelar o tamanho do poder do presidente Hu Jintao e o grau de compromisso necessário entre as diferentes facções da legenda para governar o país. O resultado vai indicar ainda quem assumirá o comando do partido em 2012, quando Hu deixa o cargo.
Depois de sete dias de reuniões, os 2.213 delegados do 17º Congresso do Partido Comunista participarão hoje de um processo de escolha piramidal, no qual o número de pessoas com direito a voto diminui na medida em que aumenta a importância dos eleitos.
Os 2.213 apontarão os cerca de 350 integrantes do novo Comitê Central, o que marca o encerramento do congresso. Amanhã, os 350 farão sua primeira reunião plenária para eleger os 25 membros do Politburo. Este pequeno grupo decidirá quem, entre seus integrantes, formará o Comitê Permanente, que comandará a China nos próximos cinco anos, até o congresso seguinte.
O partido tem aumentado gradativamente a possibilidade de escolha dos delegados no momento da votação, mas ela ainda é bastante restrita. Os votos devem ser dados a integrantes de uma lista elaborada pelos 237 membros do partido que presidem o congresso, sob forte influência do Politburo.
A relação é ligeiramente superior ao número de cargos disponíveis, o que dá uma pequena margem de discricionariedade aos delegados, que podem rejeitar alguns poucos nomes.
Dos nove integrantes atuais do Comitê Permanente, quatro ou cinco devem ficar em seus cargos, entre os quais Hu e o premiê Wen Jiabao. As novas faces vão revelar os vencedores da disputa interna que opõe Hu e seu antecessor, Jiang Zemin.
O atual presidente tem um herdeiro predileto, Li Keqiang, 52, secretário-geral do partido da Província de Liaoning. Do outro lado está o preferido de Jiang, Xi Jinping, 54, que assumiu neste ano o comando do partido em Xangai, depois que outro apadrinhado do ex-presidente foi acusado de corrupção.
Não está descartada uma terceira opção ou a escolha de ambos para o Comitê Permanente do Politburo. Neste caso, haveria uma espécie de concorrência nos próximos cinco anos, até a definição do novo líder.

Luta por espaço
A disputa interna e a renovação de nomes nos organismos de cúpula é o principal tema do congresso do partido. A expectativa antes do início do evento, na segunda-feira, era a de que Hu sairia fortalecido, com a ampliação do número de integrantes do Comitê Permanente que lhe são fiéis -hoje, mais da metade é ligada a Jiang Zemin.
Mas a aparente dificuldade de Hu em emplacar o seu sucessor elevou a possibilidade de que o grupo do ex-presidente continue com espaço significativo no comando do partido.
O congresso deixa claro que as diferentes facções nas quais se divide o partido têm de negociar e realizar composições para o preenchimento de cargos e estabelecimento de políticas.
Dentro dos grandes grupos de Hu e Jiang, há correntes menores, que representam interesses específicos da cada vez mais complexa sociedade chinesa. Entre elas, está a dos empresários, que têm delegados no congresso e presença crescente no partido. Outra é a dos "principezinhos", como são conhecidos os filhos de grandes líderes revolucionários.

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