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China anuncia amanhã seus novos líderes
Congresso do Partido Comunista troca, por eleição entre delegados, quatro dos nove membros do comitê permanente
Nova configuração do órgão determinará balanço entre as forças políticas ligadas ao presidente Hu Jintao e a seu antecessor, Jiang Zemin
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM
O anúncio esperado para
amanhã dos nove eleitos para o
órgão máximo do Partido Comunista da China vai revelar o
tamanho do poder do presidente Hu Jintao e o grau de compromisso necessário entre as
diferentes facções da legenda
para governar o país. O resultado vai indicar ainda quem assumirá o comando do partido em
2012, quando Hu deixa o cargo.
Depois de sete dias de reuniões, os 2.213 delegados do 17º
Congresso do Partido Comunista participarão hoje de um
processo de escolha piramidal,
no qual o número de pessoas
com direito a voto diminui na
medida em que aumenta a importância dos eleitos.
Os 2.213 apontarão os cerca
de 350 integrantes do novo Comitê Central, o que marca o encerramento do congresso.
Amanhã, os 350 farão sua primeira reunião plenária para
eleger os 25 membros do Politburo. Este pequeno grupo decidirá quem, entre seus integrantes, formará o Comitê Permanente, que comandará a China
nos próximos cinco anos, até o
congresso seguinte.
O partido tem aumentado
gradativamente a possibilidade
de escolha dos delegados no
momento da votação, mas ela
ainda é bastante restrita. Os votos devem ser dados a integrantes de uma lista elaborada pelos
237 membros do partido que
presidem o congresso, sob forte
influência do Politburo.
A relação é ligeiramente superior ao número de cargos disponíveis, o que dá uma pequena margem de discricionariedade aos delegados, que podem
rejeitar alguns poucos nomes.
Dos nove integrantes atuais
do Comitê Permanente, quatro
ou cinco devem ficar em seus
cargos, entre os quais Hu e o
premiê Wen Jiabao. As novas
faces vão revelar os vencedores
da disputa interna que opõe Hu
e seu antecessor, Jiang Zemin.
O atual presidente tem um
herdeiro predileto, Li Keqiang,
52, secretário-geral do partido
da Província de Liaoning. Do
outro lado está o preferido de
Jiang, Xi Jinping, 54, que assumiu neste ano o comando do
partido em Xangai, depois que
outro apadrinhado do ex-presidente foi acusado de corrupção.
Não está descartada uma terceira opção ou a escolha de ambos para o Comitê Permanente
do Politburo. Neste caso, haveria uma espécie de concorrência nos próximos cinco anos,
até a definição do novo líder.
Luta por espaço
A disputa interna e a renovação de nomes nos organismos
de cúpula é o principal tema do
congresso do partido. A expectativa antes do início do evento,
na segunda-feira, era a de que
Hu sairia fortalecido, com a
ampliação do número de integrantes do Comitê Permanente
que lhe são fiéis -hoje, mais da
metade é ligada a Jiang Zemin.
Mas a aparente dificuldade
de Hu em emplacar o seu sucessor elevou a possibilidade de
que o grupo do ex-presidente
continue com espaço significativo no comando do partido.
O congresso deixa claro que
as diferentes facções nas quais
se divide o partido têm de negociar e realizar composições para o preenchimento de cargos e
estabelecimento de políticas.
Dentro dos grandes grupos
de Hu e Jiang, há correntes menores, que representam interesses específicos da cada vez
mais complexa sociedade chinesa. Entre elas, está a dos empresários, que têm delegados
no congresso e presença crescente no partido. Outra é a dos
"principezinhos", como são conhecidos os filhos de grandes
líderes revolucionários.
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