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ARTIGO
Soldados são subaproveitados
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
O maior problema das Forças Armadas dos EUA, especificamente do Exército, não costuma ser tanto a quantidade de
pessoal em serviço ativo, embora no caso atual esse problema
tenha chegado a níveis preocupantes com a necessidade de
tropas no Iraque e no Afeganistão. O essencial é que o Exército dos EUA, historicamente e
por vários motivos, não aproveita adequadamente os soldados que tem à sua disposição.
Os EUA combateram a Segunda Guerra Mundial com um
Exército de "civis armados".
Antes da guerra, o Exército
americano era menor que o de
muitos países europeus pequenos, como a Romênia. Esse pequeno "cadre" de soldados profissionais serviu para treinar
forças que passaram de dez milhões de homens.
Nas guerras na Coréia e no
Vietnã as Forças Armadas ainda eram numerosas. Os civis
voltaram a ser recrutados, o
que ajudou a causar oposição à
guerra na Indochina. Universitários tinham meios de não servir, como mostram as nada honrosas "carreiras militares" de
políticos que passaram o tempo
na Guarda Nacional, espécie de
reserva que não foi convocada.
Já as minorias -negros, "latinos", homens de baixa renda- foram recrutadas e enviadas à guerra em número proporcionalmente maior do que
na população em geral.
Mas dos milhões de americanos que passaram pelo Vietnã,
apenas uma parte era de tropas
de linha de frente de fato envolvidas em operações e em combate. Mesmo no auge da guerra
nos anos 1960, quando havia
meio milhão de americanos na
Indochina, menos de 100 mil
eram tropas combatentes. O
resto era de tropas de apoio, o
que incluía desde o soldado supervisionando o desembarque
de combustível no porto, até
outro "operando" uma máquina de produzir sorvete.
O mesmo acontece hoje no
Iraque, apesar dos esforços em
terceirizar várias atividades.
Parte da tropa também não
costuma estar disponível para
operações por estar em treinamento, em trânsito, em licença
ou por motivos de saúde. O percentual indisponível costuma
chegar a 15% no Exército ativo,
ou 30% entre os reservistas.
O Exército pós-Vietnã tornou-se todo voluntário, o que
ajudou a diminuir seu tamanho. Um soldado profissional
espera uma carreira e pagamento compatíveis com o que
poderia ter na vida civil.
As armas também se tornaram mais precisas e mais poderosas desde a Segunda Guerra,
o que também ajuda os Exércitos a serem mais "enxutos", já
que um pelotão de hoje tem poder de fogo bem maior que um
de sessenta anos atrás. É o que
o ex-secretário Donald Rumsfeld queria, Forças Armadas
menores, mas letais. Mas ocupar um país e patrulhá-lo exige
muita "mão-de-obra" armada.
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