Recém-empossado, Gates diz que quer discutir com líder iraquiano estratégia dos EUA

Americanos devolvem controle de Najaf ao Iraque; novo embaixador do Brasil chega ao país para reabrir posto, desativado desde 91

DA REDAÇÃO

Em visita-surpresa a Bagdá, o novo secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, afirmou que discutiu com comandantes americanos o possível aumento do número de militares no Iraque. "Antes de tirar conclusões, quero falar com o primeiro-ministro [Nuri al Maliki] e com membros do governo iraquiano", disse. Maliki se opõe a um aumento do contingente militar norte-americano na região.
A chegada de Gates ao Iraque ocorreu um dia depois de Bush ter admitido que os EUA não estão "ganhando nem perdendo a guerra", ao contrário do que havia afirmado em outubro. O governo Bush enfrenta em casa seu pior índice de rejeição desde a invasão do Iraque, em março de 2003.
Ontem, as forças americanas entregaram aos iraquianos o controle de segurança da Província de Najaf -a terceira a retornar ao controle iraquiano e a primeira a ser devolvida pelas tropas americanas (as demais estavam sob os britânico).
A cidade de Najaf, capital da Província, a é uma das mais sagradas para os xiitas, que acreditam que o imã Ali, genro de Maomé, está enterrado naquele local. A morte de Ali, no século 7, causou a divisão dos muçulmanos existente até hoje, entre sunitas e xiitas. A Província concentra o poder político e religioso xiita no país.
Durante a cerimônia que oficializou a devolução, o general Kurt Cichowski afirmou que "a transferência de responsabilidade é uma indicação do aumento da capacidade da polícia e Exército iraquianos" -instituições dissolvidas pelos EUA após a invasão. Mas ele acrescentou que as tropas norte-americanas continuarão a "dar suporte, se for necessário".
O número 2 da Al Qaeda, Ayman al Zawahri, disse ontem que os EUA estavam negociando com "as pessoas erradas" no Iraque. Num vídeo exibido pela rede de TV Al Jazeera, de Qatar, Zawahri sugeriu que Bush deveria negociar com ele.

Brasil no Iraque
O novo embaixador do Brasil no Iraque, Bernardo de Azevedo Brito, apresentou nesta semana suas credenciais para o presidente iraquiano, Jalal Talabani. A embaixada, que estava desativada desde 1991 por causa da Guerra do Golfo, será instalada, temporariamente, em Amã, capital da Jordânia. Talabani expressou satisfação com a reabertura gradual da embaixada, salientando a importância do ato para as relações entre os dois países.