UOL


São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIZINHO EM CRISE

Chávez diz que poderia aceitar proposta para referendo em agosto e emenda para encurtar mandato

Carter propõe plano eleitoral para Venezuela

Feliciano Sequera/Associated Press
Chávez e Carter conversam, com a ajuda de uma tradutora, no palácio presidencial de Miraflores


DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse ontem que poderia aceitar a proposta feita pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter (1977-1981) para a realização de um referendo sobre seu mandato em agosto ou para a aprovação de uma emenda constitucional que encurte seu mandato, que termina em janeiro de 2007.
"Se o povo decidir que [o mandato" deve ser de quatro anos, não tenho nenhum problema com isso", disse Chávez, que enfrenta desde 2 de dezembro uma greve geral convocada pela oposição para pressioná-lo a renunciar ou a convocar eleições antecipadas.
Carter, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em outubro, está na Venezuela para tentar mediar um acordo entre o governo e a oposição para tentar pôr fim ao impasse político e à greve geral. Segundo sua proposta, apresentada na mesa de diálogo patrocinada pela OEA (Organização dos Estados Americanos), o dia 19 de agosto seria fixado como data-limite para a realização de um referendo ou de eleições antecipadas, se o Parlamento aprovar o encurtamento do mandato de Chávez.
A proposta contraria o desejo da oposição, que pressiona pela realização de um referendo no dia 2 de fevereiro, mas também impediria que o governo postergasse indefinidamente sua realização, como a oposição teme. O governo alega que a Constituição só permite uma consulta popular "a partir de agosto", quando o mandato de Chávez chega à metade. Mas o próprio presidente já havia afirmado que considerava sua realização em agosto pouco provável, porque sua preparação poderia tomar alguns meses.
"A alternativa é chegar até o dia 19 de agosto sem nenhuma demora, sem nenhum truque", disse Carter após se reunir com Chávez, ontem pela manhã.
Sua proposta também exigiria o compromisso da oposição de encerrar a greve geral, que vem provocando grandes perdas à indústria petroleira do país, responsável por 80% das exportações.
A Coordenação Democrática, que reúne partidos e organizações de oposição, não havia se pronunciado oficialmente até o fim da tarde, mas alguns de seus membros declararam apoio à proposta de Carter, abrindo uma perspectiva de solução para a crise.
"Quando começou a greve, dizíamos que nos livraríamos de Chávez em três dias. Acho que podemos reformular isso, com outras saídas, como o referendo em agosto ou a emenda", afirmou o ex-prefeito de Caracas Claudio Fermín, membro do partido opositor AD (Ação Democrática).
A iniciativa de Carter se antecipa à do Grupo de Amigos da Venezuela, formado na semana passada no Equador seguindo uma sugestão do governo brasileiro. O grupo, formado por Brasil, EUA, Chile, México, Portugal e Espanha, tem como objetivo auxiliar a mesa de diálogo conduzida pela OEA. A primeira reunião do grupo está marcada para a sexta-feira em Washington, sede da OEA.
O chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana, disse ontem que reiterará no sábado seu apoio ao Grupo de Amigos durante um encontro com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em Davos (Suíça).

Reprovação socialista
A Internacional Socialista, que reúne partidos de esquerda de todo o mundo, aprovou ontem uma resolução pedindo "eleições livres" na Venezuela e criticando a "crescente militarização" do país.
A Internacional Socialista tem entre seus mais de cem integrantes dois partidos de oposição venezuelanos
As redes de TV da Venezuela acusaram Chávez de violar a liberdade de imprensa no país.

Com agências internacionais

Texto Anterior: Canadá: Avalanche mata sete esquiadores
Próximo Texto: Brasil descarta reunião de Lula com oposição
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.