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São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 2003

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VENEZUELA

"Não há intocáveis", diz presidente; líder empresarial depõe pela 1ª vez após prisão; sindicalista permanece foragido

Chávez pede 20 anos de prisão para opositor

DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pediu ontem que a Justiça condene a 20 anos de prisão o líder empresarial Carlos Fernández, preso na quarta-feira à noite, e o foragido líder sindical Carlos Ortega. Eles foram os principais líderes da greve geral contra Chávez, que durou 63 dias e foi suspensa no início do mês.
"Esses oligarcas achavam que eram intocáveis. Não há intocáveis na Venezuela. Um criminoso é um criminoso", afirmou Chávez, durante uma cerimônia de entrega de títulos de propriedade de terras para camponeses.
A Justiça ordenou a prisão dos dois líderes opositores na quarta-feira pelos crimes de "rebelião, traição à pátria, instigação à delinquência, formação de quadrilha e devastação", supostamente cometidos durante a greve geral. Fernández foi preso enquanto jantava numa churrascaria de Caracas, na quarta-feira, mas Ortega permanece foragido e disse que não se entregará.
A greve geral provocou perdas estimadas de mais de US$ 4 bilhões ao país. A estatal petrolífera, PDVSA, responsável por 80% das exportações do país, permanece parcialmente paralisada.
A oposição, que acusa Chávez de arruinar a economia do país com suas políticas populistas de esquerda, tentava pressioná-lo, com a greve, a renunciar ou a convocar eleições antecipadas.
Chávez acusa os líderes da greve de "terroristas" e "conspiradores golpistas". Ele diz ser vítima de um complô por ter eliminado os privilégios da elite que governou o país por décadas.
Sob um forte esquema de segurança, Fernández foi levado ontem para depor ao juiz Maikel Moreno, que ordenou sua prisão.
Moreno foi afastado temporariamente do caso no fim da tarde, enquanto é analisado um pedido da defesa de Fernández, que alegou parcialidade do juiz.
A oposição suspendeu uma passeata até a Procuradoria Geral, onde protestaria contra a prisão. Segundo a CD (Coordenação Democrática, associação de partidos e associações de oposição), a marcha foi suspensa para evitar um confronto com chavistas. Fragilizada após o fracasso da greve geral, a CD anunciou ontem uma "reestruturação" de suas ações para enfrentar o presidente.


Com agências internacionais


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