São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

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DIPLOMACIA

Em busca do apoio da UE, presidente visita Bruxelas para fazer as pazes e critica a falta de democracia na Rússia

"Nada nos divide", diz Bush a europeus

Jacques Collet/France Presse
Durante um protesto em Bruxelas, menina segura cartaz com foto de Bush e os dizeres: "Prejudica seriamente os direitos humanos"


DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, cumpriu ontem, em Bruxelas, a primeira parte de sua visita à Europa exortando os europeus a deixar para trás as divisões provocadas pela Guerra do Iraque, a trabalhar em conjunto para fazer avançar o processo de paz no Oriente Médio e a pressionar a Rússia a manter seu compromisso com a democracia.
Bush escolheu Bruxelas, onde se situam as sedes da União Européia e da Otan (aliança militar ocidental), para realizar sua tentativa de reaproximação com seus aliados europeus. Muitos deles foram contrários à invasão do Iraque.
Eis os principais temas do discurso de Bush, que expôs as bases da reaproximação transatlântica.

RELAÇÕES TRANSATLÂNTICAS
"Por mais de 60 anos, nossas nações enfrentaram juntas grandes desafios da história. Juntos, nós nos opusemos a ideologias totalitárias... Juntos, celebramos os aniversários da liberdade: do Dia D à libertação dos campos da morte e às vitórias de consciência em 1989", declarou, aludindo à queda do Muro de Berlim e ao fim do comunismo europeu.
"A aliança entre a Europa e a América do Norte é o principal pilar de nossa segurança. Nosso robusto comércio é um dos motores da economia global. Nosso exemplo de liberdade político-econômica dá esperança a milhões que sofrem com a pobreza e a opressão. Nossa forte amizade é essencial para a paz e a prosperidade. Nenhum debate temporário, nenhum desentendimento entre nossos governos e nenhum poder terrestre poderão nos dividir."

RÚSSIA
"Acredito que o futuro da Rússia esteja na família européia e na comunidade transatlântica... Para que a Rússia progrida como uma nação européia, o governo russo deverá renovar seu compromisso com a democracia e com o Estado de Direito." "Devemos sempre lembrar a Rússia que nossa aliança requer uma imprensa livre, uma oposição ativa, a divisão do poder e o Estado de Direito. Os EUA e todos os países europeus deveriam pôr a reforma democrática no centro de seu diálogo com a Rússia."

CONFLITO ISRAELO-PALESTINO
"A resolução do conflito está a nosso alcance. A América e a Europa têm um compromisso moral. Não podemos ficar passivos enquanto outra geração, na Terra Santa, cresce numa atmosfera de violência e desesperança. A América e a Europa compartilham um interesse estratégico. Ajudando a construir uma paz duradoura, removeremos uma mágoa que é usada para espalhar ódio e violência pelo Oriente Médio."
"Estamos determinados a ver dois Estados democráticos, Israel e a Palestina, vivendo lado a lado em paz e em segurança. O povo palestino merece ter um governo representativo, honesto e pacífico. O povo de Israel precisa do fim do terrorismo e de um parceiro confiável para fazer a paz."

GRANDE ORIENTE MÉDIO
"Não podemos viver em paz e em segurança se o Oriente Médio continuar a produzir ideologias assassinas e terroristas que buscam ter as armas mais mortíferas. Uma reforma duradoura e bem-sucedida no Grande Oriente Médio [que vai do norte da África ao Paquistão] não será imposta de fora, ela precisa ser escolhida por quem vive na região."

LÍBANO E SÍRIA "Nosso compromisso com o progresso democrático está sendo testado no Líbano, um país que já foi vibrante, mas vive hoje sob a influência de um vizinho opressor. O regime sírio deve tomar medidas mais claras para conter aqueles que apóiam a violência e a subversão no Iraque e pôr fim a seu apoio a grupos terroristas. A Síria também precisa pôr fim à sua ocupação do Líbano."

IRAQUE
"Algumas nações européias entraram na luta para libertar o Iraque, enquanto outras não o fizeram. Mesmo assim, todos nós reconhecemos a coragem quando a vemos. E nós a vimos nos iraquianos. Todas as nações têm interesse no sucesso de um Iraque livre e democrático, que combaterá o terrorismo e será um exemplo de liberdade e uma fonte de estabilidade para a região."

IRÃ
"Pelo bem da paz, o regime iraniano deve parar de apoiar o terrorismo e não pode desenvolver armas nucleares... Mas o Irã é diferente do Iraque. Os EUA são membros do Conselho de Governadores da AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica], que tomou a liderança nas discussões. Trabalhamos estreitamente com o Reino Unido, a França e a Alemanha para mostrar nossa oposição ao programa nuclear."


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