São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

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RELIGIÃO

Em carta apostólica, João Paulo 2º diz que os meios de comunicação devem ter "responsabilidade" além da "liberdade"

Mídia precisa da redenção de Cristo, diz papa

DA REDAÇÃO

O papa João Paulo 2º pediu ontem que a mídia de massa "promova justiça e solidariedade" reportando os fatos "de modo acurado e verdadeiro", num contexto de "exercício maduro de liberdade e responsabilidade". Em sua carta apostólica sobre a imprensa, intitulada "O Rápido Desenvolvimento", o papa disse também que a Igreja Católica precisa aprender a usar melhor a mídia para transmitir sua mensagem.
Para o papa, "o desafio atual para cristãos e pessoas de boa vontade é manter uma comunicação verdadeira e livre". Portanto, as populações devem ficar atentas para a qualidade da produção da mídia. "Até a mídia precisa da redenção de Cristo", afirma a carta. A Igreja Católica faz críticas freqüentes à televisão, a filmes e a outros meios de comunicação por conteúdos que considera imorais, como sexo fora do casamento e homossexualismo.
O pontificado de João Paulo 2º teve ampla cobertura da imprensa. Mas a carta aponta que a igreja não consegue fazer uso da mídia. O arcebispo Renato Boccardo, que divulgou a carta, citou as críticas à comunicação do Vaticano no período em que o papa ficou internado, no começo do mês.
"É necessário admitir que temos dificuldades", afirmou Boccardo. "As relações com os meios de comunicação exigem uma mentalidade que temos de aprofundar." Na carta, o papa diz que "o fenômeno da comunicação impele a igreja a uma revisão cultural, para que possamos lidar com o nosso tempo".
A carta também diz, porém, que "a igreja deve dar a conhecer suas atividades, como outras instituições. Mas ao mesmo tempo, se necessário, deve manter uma reserva, sem que isso impeça uma comunicação pontual e suficiente sobre as ações eclesiásticas".
Boccardo advertiu que, na visão do Vaticano, a mídia passa por um "processo degenerativo". Valores cristãos foram abandonados. "Basta lembrar como a televisão se tornou em grande parte um instrumento para agressões pessoais, um lugar para denegrir os outros e fórum para conflitos vulgares e de mau gosto."
Para combater essa mudança de valores, o papa sugeriu a criação de um sistema que proteja "a dignidade do indivíduo, a primazia da família como unidade básica da sociedade e o relacionamento adequado entre as pessoas".
O papa diz na carta que vê a internet como meio para os católicos evangelizarem as pessoas. Lembrando que "as verdades da fé católica não estão abertas a interpretações arbitrárias", o papa diz que os católicos devem trocar opiniões "em um diálogo que respeite a justiça e a prudência".


Com agências internacionais


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