LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK

Após meses de suspense e em plena "guerra cultural" entre liberais e conservadores nos EUA, foi ao ar na noite de anteontem o episódio da série "Os Simpsons" no qual um dos personagens se declara gay, e Homer celebra casamentos homossexuais -com direito a beijo e surpresa no final.
Para os fãs da série, uma das mais sarcásticas e assistidas da TV americana, nenhuma surpresa: quem "saiu do armário" foi Patty Boauvier, uma das irmãs de Marge que fuma sem parar e é fã de McGyver.
Marge, no entanto, se assustou. A mulher de Homer Simpson, normalmente a personagem mais tolerante da série, não consegue lidar com a homossexualidade da irmã. Na cena em que Patty apresenta à família sua namorada, a golfista profissional Veronica, voam petardos para todo lado.
"Você se diz liberal, mas não consegue agüentar a barra quando o casamento gay é o da sua irmã", diz Patty a uma Marge "surpresa" com o anúncio. Homer emenda: "Você está surpresa? Aqui vai outra surpresa então: eu adoro cerveja", diz ele, que nunca escondeu sua predileção pela bebida.
A história começa quando o apresentador de um programa de turismo visita Springfield, a cidadezinha mais ou menos fictícia onde vivem os Simpsons, e maldiz o lugar. Para atrair os turistas de volta, o prefeito pede "sugestões desesperadas". Lisa Simpson, filha de Homer, propõe então que Springfield promova casamentos gays, para "atrair o segmento que mais cresce da indústria matrimonial e marcar pontos em direitos civis".
De olho nos bolsos dos casais gays que inundam a cidade, Homer arruma um certificado de juiz de paz e faz da garagem uma capela. Enquanto isso, o reverendo local diz não estar disposto a consagrar as uniões -a cena em que Marge argumenta e ele toca o sino para abafar sua voz é hilariante.
Curiosamente, o desenho vai ao ar na Fox, um canal alinhado ao governo Bush -que quer emendar a Constituição para definir "casamento" estritamente como a união entre homem e mulher.


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