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Site dos EUA oferece namoro para casados
Ashleymadison.com diz ter atraído 3,5 milhões de assinantes apostando no adultério; comerciais são rejeitados por TV
Com slogans como "a vida
é curta, tenha um caso", proporção de usuários é de
8 homens para 1 mulher;
criador diz salvar uniões
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Na TV, um casal celebra o
aniversário de casamento. Estão em um restaurante à luz de
velas, mas a noite não é nada
romântica. Na metade do tempo, o marido fala de negócios ao
telefone; na outra metade, lança olhares lascivos para a garçonete, usa a faca como espelho
para limpar os dentes e sugere
que a parceira vai engordar se
comer sobremesa.
O que ela deve fazer? Partir
para o adultério, sugere abertamente o site AshleyMadison.com, responsável pelo comercial acima. A empresa é
uma agência de namoro na internet voltada para homens e
mulheres comprometidos que
buscam "affairs" - e seu sucesso nos EUA já é tão grande
quanto a comoção causada entre defensores da fidelidade.
A peça foi banida neste mês
pela rede de TV NBC e pela Liga
Nacional de Futebol Americano, que se recusaram a transmiti-la nacionalmente no Superbowl (final do campeonato
de futebol americano, evento
mais assistido da TV nos EUA).
Na CNN, o criador da agência,
Noel Biderman, foi acusado de
estar "rasgando em pedaços a
instituição do casamento" e de
oferecer um serviço "nojento".
Mas Biderman, 37, diz que
não é problema de ninguém o
que adultos decidem fazer consensualmente entre quatro paredes. "Quem acha que o status
quo dos casamentos atuais funciona está delirando", disse à
Folha. "O site apenas serve a
um comportamento humano já
existente. Um comercial de 30
segundos jamais vai convencer
alguém a ter um caso."
Os 3,38 milhões de membros
que o AshleyMadison diz ter indicam não precisar mesmo de
estímulo. Um perfil básico e
sem foto criado pela reportagem recebeu nas primeiras 24
horas 39 e-mails de homens
comprometidos interessados
em um encontro.
Em um dos e-mails, o pretendente pede que sejam especificadas preferências sexuais. Em
outro, um marido insatisfeito
diz que está em busca de "uma
namorada divertida para jantares, drinks e etc".
"Notei seu perfil", escreveu
ele. "Adoraria conversar se você tiver um tempo. Talvez possamos ser amigos. Como é sua
vida? Qual sua cor preferida?"
E não há hipocrisia: em algumas das fotos publicadas, acessíveis apenas a quem o participante envia uma chave, a parceira oficial também aparece.
A rapidez dos contatos pode
ser explicada por um descompasso -segundo o site, há cadastrados oito homens para cada mulher. "Não se engane, a
maioria dos participantes só
quer sexo", alerta Biderman.
"Para eles, a melhor saída é
uma comunidade de pessoas
que pensam e se comportam da
mesma forma, sem precisar
mentir sobre seu estado civil".
Mas quando o assunto é sua
própria união, o discurso muda,
e ele insiste que jamais usaria o
site. "Acredito hoje que ter uma
relação monogâmica é a melhor forma de minha mulher e
eu cuidarmos um do outro e
criarmos nossa família. Talvez
em seis anos eu mude de ideia."
Para o empreendedor, o AshleyMadison na verdade ajuda
os casamentos. "Não dá para
todo mundo que tem problemas no quarto abandonar seu
parceiro, isso é ridículo. Na
França, onde há muita infidelidade, a taxa de preservação de
casamentos é muito maior do
que a dos EUA."
E os brasileiros podem se
preparar: ele conta que já pesquisou sobre empresas dos
EUA que se expandiram para o
Brasil "e tiveram grande sucesso". "Estou confiante de que o
mercado para o serviço no Brasil seria enorme."
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