São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2007

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Washington já discute lista com possíveis sucessores de Gonzales

DE WASHINGTON

Poucos dias antes de deixar o governo, quando a vitória da oposição democrata no Congresso já parecia certa, o então secretário da Defesa Donald Rumsfeld recebeu um telefonema de George W. Bush dizendo que contava com todo o seu apoio. No dia seguinte às eleições, confirmada a derrota republicana, a cabeça de Rumsfeld foi entregue em cerimônia pública na Casa Branca.
O mesmo ritual se repete com Alberto Gonzales.
Nas últimas horas, as rodas políticas de Washington já discutiam uma lista de nomes cotados para substituí-lo. Vão de Michael Chertoff, atual secretário de Segurança Interna, ao ex-subsecretário de Justiça Larry Thompson, passando pelo ex-senador e ator Fred Thompson, um dos republicanos cogita sair candidato nas eleições de 2008.
Assim como Rumsfeld, o secretário de Justiça encontrou resistência entre os democratas desde o início. Alberto Gonzales foi anunciado em novembro de 2004 como o nome a substituir John Ashcroft logo após a conquista do segundo mandato por Bush. Com a confirmação por um Senado ainda republicano em fevereiro do ano seguinte, esse texano de 51 anos se tornaria o hispânico a ocupar o cargo mais importante na Casa Branca até hoje.
A idéia de Bush, além de agradar uma comunidade que responde por dezenas de milhões de eleitores, era oferecer um contraponto ao religioso ultraconservador Ashcroft. Aos poucos, porém, ficou claro ao público o papel que o advogado desempenhou no cargo de conselheiro jurídico da Casa Branca, que ocupou desde o início do primeiro mandato de Bush.
É de autoria de Gonzales, por exemplo, o chamado "Memorando da Tortura", de agosto de 2002, endossando o uso de "métodos duros" de interrogatório a suspeitos de pertencerem à Al Qaeda. Sete meses antes, outro memorando seu afirmava que a guerra ao terror "torna obsoletas as limitações da Convenção de Genebra".
É dele ainda a autoria da Ordem Executiva assinada por Bush que cria os Tribunais Militares de Exceção, que julgam os prisioneiros de Guantánamo. Um dos principais defensores da Lei Patriota, Gonzales se vê agora sendo abandonado pela Casa Branca. (SD)


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