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Pressão de Chávez implode partido aliado
Cinco deputados, governador e prefeito da segunda maior cidade do país deixam o Podemos para ficar com presidente
Direção da agremiação, a segunda maior da base chavista, resiste a se dissolver para integrar o
novo partido governista
FABIANO MAISONNAVE
EM MARACAY, VENEZUELA
A resistência do segundo
maior partido da base chavista
em se dissolver no PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) praticamente está provocando o mesmo resultado.
Desde que o presidente Hugo
Chávez fez duras críticas ao Podemos, no último domingo, a
agremiação perdeu um governador, o prefeito de Maracaibo,
a segunda maior cidade do país,
e 5 dos 19 deputados.
Os que saíram decidiram ingressar no PSUV, sem esperar a
decisão oficial do partido, que
até agora, por falta de consenso,
não se manifestou.
Nos próximos meses, o Podemos corre o risco de ficar sem
os seus outros dois governadores, Didalco Bolívar (Aragua,
centro) e Francisco Rangel
(Bolívar, sudeste). Nos dois casos, o CNE (Conselho Nacional
Eleitoral) autorizou o processo
para a convocação de referendos revogatórios de mandatos,
cuja primeira fase é o recolhimento de assinaturas -de no
mínimo 20% do eleitorado de
cada Estado.
A iniciativa contra os governadores, impulsionada por movimentos chavistas, foi chamada de "retaliação" por Bolívar
na última sexta-feira, quando
acusou o CNE de ser um instrumento político.
No domingo, Chávez endureceu o tom contra o Podemos
-sobretudo contra Bolívar- e
contra os outros dois partidos
que resistem à adesão automática ao PSUV, o Pátria para Todos (PPT) e o Partido Comunista Venezuelano (PCV).
No dia seguinte, o PPT e o
PCV prometeram apoio incondicional a Chávez, mas não
anunciaram a dissolução para
conformar o PSUV, como quer
o presidente venezuelano.
A ruptura entre Chávez e Bolívar chegou de forma violenta
às ruas de Maracay (a 110 km de
Caracas), capital do Estado de
Aragua. A cidade, de 600 mil
habitantes, é uma das regiões
mais militarizadas do país e sedia dezenas de quartéis, sobretudo da Aeronáutica.
Violência no interior
Aragua é o principal reduto
do Podemos: o grupo controla o
governo desde o início das eleições estaduais, em 1989. Bolívar, reeleito duas vezes e no poder há nove anos, sempre
apoiou Chávez.
Um dia após o ultimato de
Chávez, centenas de manifestantes sem-teto ligados a Bolívar "seqüestraram" por três horas o prefeito da capital araguenha, o chavista Humberto Prieto, que participava de uma missa em homenagem ao padroeiro da cidade, São José.
A justificativa do protesto foi
o suposto atraso nas obras de
um conjunto habitacional, mas
os manifestantes também protestavam contra a decisão de
não renovar a licença da emissora oposicionista RCTV.
No outro lado da cidade, universitários chavistas tomaram
um ônibus do governo estadual
e o encheram de pichações chamando Bolívar de "traidor".
Anteontem, líderes sem-teto
planejavam na Governadoria
uma manifestação de apoio a
Bolívar. Eles dizem temer ataques de chavistas com pedras e
paus em retaliação ao seqüestro de Pietro.
"Vamos tomar a avenida Bolívar [principal da cidade] para
que o país veja que Didalco não
está sozinho", disse a líder
sem-teto Leo Colvo. Ex-deputada e ex-vereadora, Colvo foi
guerrilheira e tem dois filhos,
Fidel e Sandino. "Não podemos
subestimar o inimigo", afirmou
sobre Chávez, para quem pediu
votos na campanha eleitoral do
ano passado.
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