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DIPLOMACIA
EUA querem saída de brasileiro da organização
José Bustani pode ser destituído hoje da direção-geral da Opaq
ROGERIO SCHLEGEL
FREE-LANCER PARA A FOLHA, DE HAIA
Deve ser decidido hoje o destino
do diplomata brasileiro José
Maurício Bustani, cuja saída do
cargo de diretor-geral da Opaq
(Organização para a Prescrição
das Armas Químicas) foi pedida
pelos EUA. Ontem, primeiro dia
da conferência especial convocada para discutir o tema, em Haia
(Holanda), o Brasil se colocou a
favor de Bustani, deixando claro a
falta de consenso entre os 145 países da Opaq -hipótese que teria
posto fim à gestão do diplomata.
Os EUA repetiram as críticas à
gestão de Bustani, 56, e oficializaram o pedido para que deixe o
cargo. Pelas regras da Opaq, a votação para decidir o assunto só
pode ocorrer 24 horas após o pedido formal. Em princípio, a destituição do diretor-geral só ocorre
se dois terços dos países que participam da conferência votarem a
seu favor, descontadas as abstenções, mas por se tratar de caso
inédito os procedimentos envolvidos estão em discussão.
Pela força da gestão americana
contra o brasileiro, sua saída era
considerada irreversível pelo Itamaraty na semana passada. A expectativa é que os países europeus, o Japão e até países sul-americanos -que tradicionalmente
acompanhariam o voto do Brasil- votem com os EUA. Antes
da conferência, Bustani afirmou
que sentia "ebulição" entre países
europeus e via possibilidade de
reverter o quadro desfavorável.
Em seu discurso, ele voltou a
enfatizar a necessidade de preservar o caráter multilateral das organizações internacionais e acusou os EUA de tentarem ser "mais
iguais" que os demais. Num recado aos europeus, disse que os 6
milhões que os EUA deixariam de
pagar esse ano são um preço pequeno pela manutenção de fato, e
não de fachada, da independência
da entidade. Os norte-americanos
ameaçam não completar sua contribuição anual de 12 milhões de
euros -perto de 22% da orçamento da Opaq para 2002- caso
Bustani permaneça na direção.
O embaixador Luiz Augusto de
Araújo Castro, falando em nome
do Brasil, defendeu a gestão de
Bustani, mas deixou claro que
não atua em nome do país. O diplomata disse que se trata de defender as instituições multilaterais. A sessão de ontem foi fechada à imprensa, e os argumentos
dos EUA contra Bustani só serão
divulgados hoje.
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