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São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2003

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QUESTÃO NUCLEAR

Americanos tentam conter programa

EUA e Coréia do Norte iniciam negociações amanhã em Pequim

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

EUA e Coréia do Norte voltam amanhã à mesa de negociação pela primeira vez desde que o país asiático retomou suas atividades nucleares no final do ano passado, numa atitude que significou o abandono pelos norte-coreanos do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.
As discussões, programadas para se estender até sexta-feira, serão em Pequim e terão também participação do governo da China, mais importante aliado do regime norte-coreano. "Queremos ter conversas sérias sobre a situação criada pela corrida nuclear da Coréia do Norte", disse Richard Boucher, porta-voz do Departamento de Estado americano.
Os EUA estarão representados pelo secretário-assistente de Estado James Kelly, que participou da última discussão formal entre seu país e a Coréia do Norte, na capital do país, Pyongyang, em outubro. Na ocasião, os EUA acusaram a Coréia do Norte de manter um programa clandestino de armas nucleares, dando início à crise. Kelly terá como interlocutores representantes dos Ministérios das Relações Exteriores da Coréia do Norte (Li Gun, subdiretor da divisão de assuntos americanos) e da China (Fu Ying, diretor-geral da divisão americana).
A participação da China é uma vitória da diplomacia americana, pois diminui a margem de manobra da delegação norte-coreana ao colocar Pequim como avalista da negociação. Pyongyang, porém, diz considerar os chineses apenas "anfitriões" da reunião.
Desde que surgiu o impasse entre os dois países no ano passado, a Coréia do Norte tem insistido em conversas bilaterais com os EUA. Mas a administração Bush rejeitou conversas diretas e disse que só aceitaria uma aproximação multilateral, com a participação de vizinhos importantes da Coréia do Norte, entre eles a China e também a Rússia e o Japão.
Para alguns analistas, o fato de a Coréia do Norte agora aceitar se sentar à mesa com os EUA e a China mostra que o país viu no Iraque uma mensagem do que poderia lhe acontecer se continuasse a desafiar os EUA. Também pode ter contribuído para a mudança de postura o início de debates no Conselho de Segurança da ONU sobre sanções ao país. China e Rússia têm bloqueado resoluções condenando os norte-coreanos, mas não há garantia de que manterão o apoio.
A divisão reproduz-se nos EUA. Parte do governo americano defende ações para mudar o regime norte-coreano, um dos mais fechados do mundo, mesmo que sem uso de força militar; para outro grupo, porém, os EUA devem negociar com este governo para tirar o país do caminho nuclear.
As conversas que começam amanhã não terão os outros dois principais atores da região, Coréia do Sul e Japão. Ambos dizem que esperam um chamado para estágios seguintes da negociação. A Coréia do Sul, porém, agendou rodada de conversas bilaterais com seu vizinho para o próximo domingo, em Pyongyang.



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