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QUESTÃO NUCLEAR
Americanos tentam conter programa
EUA e Coréia do Norte iniciam negociações amanhã em Pequim
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
EUA e Coréia do Norte voltam
amanhã à mesa de negociação pela primeira vez desde que o país
asiático retomou suas atividades
nucleares no final do ano passado, numa atitude que significou o
abandono pelos norte-coreanos
do Tratado de Não-Proliferação
de Armas Nucleares.
As discussões, programadas para se estender até sexta-feira, serão em Pequim e terão também
participação do governo da China, mais importante aliado do regime norte-coreano. "Queremos
ter conversas sérias sobre a situação criada pela corrida nuclear da
Coréia do Norte", disse Richard
Boucher, porta-voz do Departamento de Estado americano.
Os EUA estarão representados
pelo secretário-assistente de Estado James Kelly, que participou da
última discussão formal entre seu
país e a Coréia do Norte, na capital do país, Pyongyang, em outubro. Na ocasião, os EUA acusaram a Coréia do Norte de manter
um programa clandestino de armas nucleares, dando início à crise. Kelly terá como interlocutores
representantes dos Ministérios
das Relações Exteriores da Coréia
do Norte (Li Gun, subdiretor da
divisão de assuntos americanos) e
da China (Fu Ying, diretor-geral
da divisão americana).
A participação da China é uma
vitória da diplomacia americana,
pois diminui a margem de manobra da delegação norte-coreana
ao colocar Pequim como avalista
da negociação. Pyongyang, porém, diz considerar os chineses
apenas "anfitriões" da reunião.
Desde que surgiu o impasse entre os dois países no ano passado,
a Coréia do Norte tem insistido
em conversas bilaterais com os
EUA. Mas a administração Bush
rejeitou conversas diretas e disse
que só aceitaria uma aproximação multilateral, com a participação de vizinhos importantes da
Coréia do Norte, entre eles a China e também a Rússia e o Japão.
Para alguns analistas, o fato de a
Coréia do Norte agora aceitar se
sentar à mesa com os EUA e a
China mostra que o país viu no
Iraque uma mensagem do que
poderia lhe acontecer se continuasse a desafiar os EUA. Também pode ter contribuído para a
mudança de postura o início de
debates no Conselho de Segurança da ONU sobre sanções ao país.
China e Rússia têm bloqueado resoluções condenando os norte-coreanos, mas não há garantia de
que manterão o apoio.
A divisão reproduz-se nos EUA.
Parte do governo americano defende ações para mudar o regime
norte-coreano, um dos mais fechados do mundo, mesmo que
sem uso de força militar; para outro grupo, porém, os EUA devem
negociar com este governo para
tirar o país do caminho nuclear.
As conversas que começam
amanhã não terão os outros dois
principais atores da região, Coréia
do Sul e Japão. Ambos dizem que
esperam um chamado para estágios seguintes da negociação. A
Coréia do Sul, porém, agendou
rodada de conversas bilaterais
com seu vizinho para o próximo
domingo, em Pyongyang.
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