|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES NA ARGENTINA
Ex-ministro cresce nas pesquisas e pode ir ao 2º turno com Menem, mas ainda há empate entre três candidatos
Crescimento de López Murphy assusta rivais
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quase sem novidades desde o
seu início, a eleição presidencial
da Argentina, marcada para domingo (dia 27), tem agora um fato
de maior relevância: o candidato
Ricardo López Murphy (Movimento Federal Recriar), dado como sem chances até há duas semanas, apareceu em uma pesquisa como o primeiro colocado numericamente. Apesar da dianteira, Murphy está em situação de
empate técnico com os candidatos Carlos Menem (Aliança Frente pela Lealdade) e Néstor Kirchner (Aliança Frente pela Vitória).
Apenas citada, mas não divulgada pelos jornais argentinos de
ontem, a pesquisa que aponta
uma mudança na disputa eleitoral foi realizada pelo Cinea (Centro de Investigaciones en Estadística Aplicada), da UNTREF (Universidade Nacional de Tres de Febrero), um estabelecimento do
governo federal argentino situado
na Grande Buenos Aires.
O campo da pesquisa foi dia 18
(sexta-feira passada), com 2.669
eleitores. A margem de erro é de
2,2 pontos percentuais. A Folha
teve acesso ao conteúdo completo
do levantamento. Murphy aparece com 22,2%, seguido por Menem (20,1%), Kirchner (18%) e
Rodríguez Saá (13,8%), da Frente
Movimento Popular.
Numa projeção de segundo turno, Murphy venceria Menem por
45,4% a 24,5% -haverá segundo
turno se nenhum dos candidatos
atingir 45% dos votos válidos.
"É prematuro dizer que um deles possa ser o vencedor agora,
mas é um fato que López Murphy
cristalizou uma tendência de alta
na última semana", diz o sociólogo Diego Brandi, 40, um dos diretores do Cinea.
Há dez dias, todas as pesquisas
colocavam Murphy na faixa dos
15%, no máximo.
É importante notar que na Argentina não há lei regulando as
pesquisas de opinião. Os candidatos podem fazer quantos levantamentos quiserem, sem apresentar
os dados técnicos a respeito de como foi realizado o trabalho -exigência existente na legislação eleitoral do Brasil.
Na última pesquisa do Cinea, no
dia 15 passado, Murphy tinha
17,7%. Como seu crescimento foi
de 4,5 pontos percentuais -acima da margem de erro, portanto-, o dado causou desolação na
Casa Rosada. Segundo a Folha
apurou, o presidente da Argentina, Eduardo Duhalde (Partido
Justicialista), reagiu como se fosse
um golpe fatal na candidatura de
seu preferido, Néstor Kirchner.
O desânimo de Duhalde pode
resultar num esforço ainda menor do Partido Justicialista a favor
de Kirchner na Província de Buenos Aires. Embora o PJ tenha três
candidatos extra-oficiais (Kirchner, Menem e Rodríguez Saá), só
o preferido de Duhalde esperava
receber o apoio maciço da máquina partidária.
Murphy é um economista ortodoxo, da escola de Chicago, que
foi ministro da Defesa do ex-presidente Fernando de La Rúa
(União Cívica Radical) durante 14
meses. Depois, por duas semanas
ocupou o cargo de ministro da
Economia. Desentendeu-se com
a direção da UCR e fundou seu
próprio partido.
A eventual ida de Murphy para
o segundo turno contra Menem
contraria a previsão inicial de
muitos analistas da Argentina, de
que haveria um segundo turno
entre dois justicialistas -ou peronistas, como são conhecidos os
seguidores do PJ, partido do ex-presidente Juan Domingo Perón
(1895-1974). Agora, é possível que
seja um peronista (Menem ou
Kirchner) contra um postulante
de centro-direita.
Texto Anterior: Colômbia: Farc insistem em diálogo com militares Próximo Texto: Ex-ministro vê FHC como modelo Índice
|