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Ex-ministro vê FHC como modelo
DE BUENOS AIRES
Surpresa da eleição, Ricardo
López Murphy, 52, usa o exemplo
brasileiro e diz querer fazer na Argentina reformas parecidas às feitas pelo ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso no Brasil. Leia
a seguir trechos de entrevista que
ele concedeu à Folha.
(MB)
Folha - Seu partido tem menos de
um ano e estrutura muito pequena. O sr. pode ganhar as eleições?
Ricardo López Murphy -Veremos
na urna. Mas nosso partido é a
força mais parecida com a que
tem feito transformações no
mundo. Que não nega a realidade,
enfrenta os problemas como são.
Creio que será uma transformação parecida com a que ocorreu
no Brasil no governo de Fernando
Henrique Cardoso. Com FHC, se
produziu a modernização da política, da gestão econômica, das
instituições. O Brasil, após o Plano Real, mudou dramaticamente.
Se tornou estável, com regras fiscais e monetárias, gestão moderna da dívida, agenda exterior e
educativa, de saúde e de políticas
públicas. Não julgo se são boas ou
más agendas, mas elas existem.
Folha - Como o sr. planeja fazer
todas essas mudanças?
López Murphy - Com um plano
estratégico. A primeira providência é acabar com projetos impossíveis, com esse desejo imaginário
de viver como se tivéssemos um
nível de renda três ou quatro vezes maior do que temos.
Folha - Como negociará com o
Fundo Monetário Internacional?
López Murphy - Da mesma maneira que fez o governo brasileiro,
que tem um acordo com o FMI
melhor que o argentino. Um
acordo sustentável, com metas
factíveis e de prazo mais longo.
Folha - Como será o relacionamento com o Brasil?
López Murphy - Temos que ter a
melhor relação com nossos vizinhos. Os acordos devem ser o
mais institucionais possíveis. Ou
seja, o Mercosul não pode depender apenas da boa vontade dos
presidentes, deve haver pouca
margem para arbitrariedade. Hoje temos preços competitivos e temos que aproveitar essa vantagem para nos abrirmos ao mundo. Temos que ter também uma
coordenação macroeconômica
forte, ao estilo da União Européia.
Mas [o bloco] tem que que abarcar todas as áreas: segurança, ambiente, políticas sociais. Uma
agenda o mais ampla possível.
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