São Paulo, sábado, 22 de abril de 2006

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"EIXO DO MAL"

Moscou se aproxima de palestinos e bloqueia sanções contra Teerã

Rússia dá a mão ao Irã e ao Hamas

DA REDAÇÃO

A Rússia tem se aproximado do governo palestino chefiado pelo Hamas e se afastado de França, Reino Unido e Estados Unidos, membros permanentes do Conselho de Segurança, que exigem sanções contra o Irã, em razão de seu programa nuclear.
Esse projeto duplo, dizem analistas, sinaliza a vontade de se firmar no Oriente Médio, onde no passado a União Soviética foi a principal aliada de ditaduras laicas em países islâmicos.
Com relação ao Hamas, a diplomacia russa rompeu o cordão de isolamento formado em torno daquele grupo terrorista palestino. Recebeu no início de março uma delegação dele em Moscou.
Na última terça-feira, o governo russo entrou novamente na contramão do que foi decidido pelos EUA e pela União Européia e, segundo o jornal "Izvestia", anunciou que transferiria US$ 10 milhões aos cofres administrados pelo Hamas, em informação confirmada pelo ministro palestino das Finanças, Omar Abdel Razek.
Com relação à proliferação nuclear, Moscou anunciou ontem suas próprias regras para o jogo cerrado que o Conselho de Segurança desencadeou contra o Irã.
O porta-voz de sua diplomacia, Mikhail Kamynin, afirmou: "Só poderemos falar de sanções depois que tivermos fatos concretos de que o Irã não está exclusivamente empenhado em atividades nucleares pacíficas".
Pouco depois, para reiterar a posição, pronunciou-se em termos parecidos o vice-ministro do Exterior, Serguei Kislyak.
Para a Rússia, o retrato real do que ocorre no Irã só seria fornecido pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
O argumento, dizem analistas, é faccioso. O Irã não permite que os inspetores da agência tenham acesso a todas as suas instalações. Com isso, eles não obterão as "provas" que Moscou considera necessárias para adotar sanções.
Os EUA, o Reino Unido e a França, também membros permanentes do CS, acreditam que o sinal verde para punir o Irã esteja bem mais próximo: no relatório que o diretor da AIEA deverá apresentar no final da próxima semana e no qual dirá se Teerã interrompeu o enriquecimento de urânio e está cumprindo as obrigações que assumiu quanto ao uso pacífico do átomo.
A China também se opõe às sanções. Mas seu comportamento tem sido mais discreto.


Com agências internacionais


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