São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Estátua da Liberdade seria um dos alvos; governo adverte que terroristas teriam armas de destruição em massa

FBI alerta sobre hipótese de ataque em NY

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

O FBI, a polícia federal dos EUA, divulgou ontem que acredita que os monumentos mais famosos de Nova York, como a Estátua da Liberdade e a Ponte do Brooklyn, estejam no alvo de novos ataques terroristas. A informação, obtida pela divisão responsável pela repressão ao terror, foi baseada em entrevistas preliminares com os membros da Al Qaeda detidos pelos EUA.
Como primeira medida, a segurança foi aumentada nas redondezas dos monumentos da cidade assim que a informação foi divulgada. O comissário Raymond Kelly disse que polícia nova-iorquina está trabalhando junto das autoridades federais e que o departamento está preparado para qualquer eventualidade.
"O departamento está fazendo o melhor que pode para prevenir outro incidente ou agir no caso de um outro acontecer", disse ele. O anúncio do FBI chegou em um momento delicado para Nova York. Hoje é o dia da abertura da regata Fleet Week 2002, que acontece todos os anos, reúne embarcações do mundo todo e atrai milhares de pessoas para as margens dos rios da cidade.
A segurança do evento também foi incrementada, e novas regras foram criadas. Nenhuma embarcação pode chegar a menos de 150 metros da sede da Organização das Nações Unidas (ONU), da Ellis Island ou da Liberty Island, onde fica a Estátua da Liberdade. Mais: nenhuma embarcação deve passar de 25 metros das pontes, píeres, túneis de ventilação e lugares públicos que estejam de frente para os rios.
O prefeito Michael Bloomberg disse ontem que não via nenhuma razão pela qual as pessoas não devessem participar da regata ou de outras atividades durante o fim de semana. "Quanto mais as pessoas saem nas ruas, mais segura esta cidade será, e estamos acostumados com grandes eventos. Esta regata é apenas mais um", disse Bloomberg. "Há ameaças a toda hora, infelizmente. Mas felizmente, a maior parte delas é apenas boataria".
O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, não tem a mesma opinião. Ele acredita que é inevitável que os grupos terroristas tenham armas de destruição maciça, o que o faz ainda mais preocupado com a possibilidade de novos ataques aos EUA.
"Temos de reconhecer que a rede terrorista tem relações com os países que apóiam ou permitem o terrorismo e que tem armas de destruição maciça, portanto eles vão sem dúvida ter acesso a essas armas e não hesitariam por nenhum minuto antes de usá-las", afirmou ele.
Rumsfeld acredita que as novas armas dos terroristas possam ser químicas, biológicas, radioativas ou nucleares, muitas das quais com capacidade de causar milhares de mortes, e que a idéia dos terroristas é fazer um novo ataque no mesmo nível de destruição que os de 11 de setembro.
"Bin Laden trata a vontade de adquirir armas de destruição maciça como um "dever religioso" e a ameaça de que ele voltará a atuar nos EUA foi confirmada pelas entrevistas feitas com membros da Al Qaeda pelo FBI", afirmou o secretário. Os membros da Al Qaeda estão sendo mantidos em lugar não divulgado.
Rumsfeld deu essas declarações um dia depois que o diretor do FBI, Robert Mueller, dizer que era "inevitável que novos terroristas suicidas tentem novos ataques, apesar dos esforços dos EUA de reorganizar a segurança nacional desde 11 de setembro."



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