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Guerrilheiro inspira
teoria de psicológico
do enviado à Bolívia
Irmão menor de dois líderes bolivianos da guerrilha ("Inti" e "Coco") e ele próprio comandante de uma tentativa guerrilheira, o psicólogo Osvaldo "Chato" Peredo fundou e preside a Fundação Ernesto Che Guevara.
Peredo estudou medicina em Havana e Moscou, se especializando em cirurgia no abdome e peito -essencial em uma guerra.
De volta à Bolívia, serviu no grupo de apoio urbano ao batalhão armado de Che. Com a morte deste, se internou na selva com sete companheiros e foi preso.
Com a hipnose, que servia como anestesia nas operações na mata, descobriu a psicologia e, hoje, escreve um livro sobre sua tese na área: a teoria da desipnose, inspirada em idéias de Che.
(RB)
Folha - Como se pode criar uma teoria psicológica a partir das posições de um guerrilheiro?
Osvaldo Peredo - Che falava que a revolução só aconteceria com o "homem novo", um ser que revoluciona sua consciência quando busca sua origem e a si mesmo. Também declarava que a memória era o instrumento para chegar à verdade. Eu parto disso para formar a desipnose, algo como a teoria das vidas passadas.
Folha - Não é uma utilização muito livre dos escritos de Che?
Peredo - Em um trecho de seus diários, depois de um relato de batalha, ele diz: "Hoje, recebemos o diploma de homem". Ele era um humanista laico e sabia que a doença não é nada mais que um mentira, que falsas premissas nos levavam a enfermidade. Boa parte de suas idéias vão ao encontro de linhas filosóficas e psicológicas.
Para mim, Che é uma fonte de inspiração, mas minhas idéias vão parar em um lugar diferente das dele, que estão em seus diários.
Folha - A figura de Che agora está servindo a causas como a religião, turismo e psicologia. Não há uma inversão de valores aí?
Peredo - Não acredito. O principal são seus ideais, mas ele não deve ficar só por aí. Nos anos 60, nós queríamos mudar as pessoas depois de fazer isso na sociedade. Hoje, a mudança vem de dentro para fora. Trocou só o sentido.
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