São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2001

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JUSTIÇA

Segundo a acusação, autoridades de Teerã "apoiaram e supervisionaram" ataque que matou 19 americanos na Arábia Saudita

EUA implicam Irã em atentado de 1996

DA REUTERS

Os EUA afirmaram ontem que o atentado de 1996 contra um complexo militar na Arábia Saudita, no qual 19 americanos morreram e cerca de 500 pessoas ficaram feridas, foi "inspirado, apoiado e supervisionado" por membros do governo do Irã.
O secretário de Justiça dos EUA, John Ashcroft, anunciou o indiciamento de 13 sauditas e um libanês pela explosão de instalações militares nas torres Khobar, em Dhahran, na Arábia Saudita.
Os acusados são 13 integrantes do Hizbollah saudita, incluindo o chefe do braço armado da organização islâmica extremista, e um libanês -um químico do Hizbollah do Líbano- que teria ajudado a construir bombas. Apesar do suposto envolvimento, não foram indiciadas autoridades iranianas.
"O indiciamento aponta que os suspeitos relataram suas atividades de vigilância a autoridades iranianas e foram apoiados e dirigidos nessas operações por autoridades do Irã", disse Ashcroft. "A única limitação no caso, como em qualquer caso criminal, é o quanto conseguiremos provar."
De acordo com o secretário, os terroristas começaram a trabalhar no atentado ainda em 1993, "quando membros do Hizbollah iniciaram uma vigilância abrangente para encontrar alvos americanos na Arábia Saudita". "Em 1995, eles se concentraram nas torres Khobar", afirmou.
O diretor do FBI (polícia federal dos EUA), Louis Freeh, disse que apenas alguns suspeitos estão sob custódia. Ele não revelou, entretanto, quantos deles. Freeh afirmou que há a possibilidade de que alguns estejam no Irã.
As 46 acusações relacionadas no documento, de 29 páginas, incluem os crimes de conspiração para matar americanos, conspiração para usar armas de destruição em massa e explosão com mortes. Os 14 foram os primeiros a ser indiciados no caso, e as acusações foram apresentadas apenas quatro dias antes do prazo para que algumas delas prescrevessem.
Em 25 de junho de 1996, dois homens que dirigiam um caminhão carregado com mais de duas toneladas de explosivos tentaram entrar no complexo, que abrigava militares americanos, sauditas, franceses e britânicos.
Barrados pela segurança, eles abandonaram o veículo e fugiram em um carro. As bombas explodiram antes que os prédios de apartamentos na área fossem esvaziados totalmente.
A suspeita de envolvimento do governo do Irã, que desde a Revolução Islâmica (1979) classifica os EUA de "satã", foi levantada logo após o atentado. Mas nenhuma acusação formal havia sido feita. Freeh afirmou que o indiciamento contém 35 referências ao Irã, mas enfatizou que não houve "considerações diplomáticas".
A ascensão do reformista Mohamad Khatami à Presidência, em 1997, deu ligeiro alento às relações Irã-EUA. Houve até medidas para atenuar sanções que os iranianos enfrentam desde 1990, mas o país continua a ser citado pelo presidente George W. Bush como um dos Estados "irresponsáveis" que justificam o seu controverso plano de escudo antimísseis.



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