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ORIENTE MÉDIO
Exército diz que disparos de tanques contra mercado foram engano; gabinete aprova reocupação da Cisjordânia
Israel mata 4 civis em Jenin e admite erro
DA REDAÇÃO
Tanques de Israel abriram fogo
ontem contra um mercado aberto
em Jenin, matando ao menos
quatro civis palestinos e ferindo
24 -seis estão em estado grave. O
Exército israelense disse que a
ação foi um "engano" e que abrirá
investigações sobre o ocorrido.
O gabinete de segurança do premiê Ariel Sharon aprovou ontem
a reocupação militar por tempo
indeterminado de todas as grandes cidades da Cisjordânia.
A decisão foi motivada pela sequência de atentados suicidas palestinos -dois deles em Jerusalém e um na colônia de Itamar-
que matou 31 civis israelenses em
menos de 72 horas nesta semana
(17 palestinos morreram no mesmo período).
Segundo médicos de um hospital de Jenin, as vítimas de ontem
-Ahmed Ghazawi, 6, seu irmão
Jamil,12, a Sajedah Famahwi, 6, e
o professor escolar Helal Shetta,
50- pensavam que o toque de recolher havia sido suspenso, assim
como as outras pessoas que foram
ao mercado.
Os tanques e blindados israelenses haviam se afastado do centro da cidade. Por essa razão, muitos saíram às ruas para comprar
comida e mantimentos.
Israel disse ter efetuado dois disparos de tanque como advertência a um grupo de palestinos que
se aproximava no momento em
que soldados faziam buscas numa
fábrica de explosivos. Atingiu acidentalmente os civis no mercado.
Em outro episódio de violência
na região, moradores do assentamento judaico de Itamar entraram de carro em Hawara, subúrbio de Nablus, queimando carros
e uma casa e atirando. Mataram
uma pessoa, segundo a Autoridade Nacional Palestina (ANP).
A ação teria sido organizada como vingança pelo assassinato, anteontem, de cinco israelenses em
Itamar -três crianças, sua mãe e
um segurança.
Tropas de Israel continuaram a
prender suspeitos de terrorismo
ontem nos territórios palestinos.
A decisão do gabinete de autorizar reocupação total da Cisjordânia -na prática, uma retomada
da operação Muro Protetor, realizada entre fim de março e início
de maio, com o objetivo de "destruir a infra-estrutura do terror"- foi a confirmação oficial
de uma política anunciada durante a semana.
"Isso vai ocorrer ao longo de toda a Cisjordânia", disse uma fonte
ligada ao gabinete de segurança.
Forças do país já entraram em Jenin, Nablus, Qalqiliya, Belém,
Tulkarem e subúrbios de Ramallah. No início da noite de ontem,
fizeram suas primeiras operações
perto de Hebron.
Na faixa de Gaza, tropas israelenses mataram um militante que
atacou um posto de fronteira com
granadas. Dois outros palestinos
morreram nesse combate.
Um menino de 8 anos morreu
em Gaza, vítima de combates
após uma incursão militar lançada após um israelense ter ficado
gravemente ferido em ataque.
O saldo de mortos da Intifada, a
revolta palestina iniciada em setembro de 2000, já é de 1413 palestinos e 547 israelenses.
Bush
A escalada da violência nos últimos dias prejudicou uma iniciativa diplomática dos EUA em gestação. O presidente George W.
Bush planejava anunciar nesta semana um plano de paz, que incluiria a realização de uma conferência internacional e a criação de
um Estado palestino provisório.
A violência obrigou Bush a
adiar o seu discurso. Funcionários do Departamento de Estado
disseram que ele apresentará as
idéias no "momento apropriado"
-o que, segundo alguns, poderia
ser já na próxima semana.
Ontem, Bush voltou a criticar os
atos terroristas de grupos extremistas palestinos e a defender o
direito de Israel à autodefesa.
"Reconheço totalmente que Israel tem o direito de se defender, e
todas as partes interessadas em
chegar ao caminho da paz devem
fazer tudo o que podem para rejeitar esse terror. Ele é ultrajante e
tem de ser freado", disse o presidente dos EUA.
O rei Abdullah, da Jordânia, disse em entrevista que o presidente
da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, perdeu o controle sobre a atividade de grupos extremistas. Afirmou temer ainda
mais violência no Oriente Médio.
"Ao longo dos anos, sempre pensei que Arafat fosse capaz de controlar o sentimento público e o extremismo", declarou a um semanário belga. "Acho que não é mais o caso hoje."
Com agências internacionais
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