São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

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Arafat agora diz que aceita plano de paz de Clinton

DA REDAÇÃO

O líder palestino Iasser Arafat disse estar disposto a aceitar um plano de paz para o Oriente Médio apresentado em dezembro de 2000 pelo então presidente americano, Bill Clinton, em Taba, Egito.
Sua declaração foi publicada ontem pelo diário israelense "Haaretz". "Estou preparado para aceitar [o plano], com certeza", afirmou o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP). Segundo o jornalista Akiva Eldar, Arafat ainda teria endossado todos os pontos do plano de Clinton, um por um.
Segundo relatos, o plano propunha criar um Estado palestino independente em 95% do território da Cisjordânia e na totalidade da faixa de Gaza.
Além disso, os palestinos ganhariam soberania sobre bairros árabes de Jerusalém e no Monte do Templo, local sagrado para judeus e muçulmanos, que o chamam de Santuário Nobre.
A maior concessão exigida de Arafat era a diminuição de suas demandas pelo direito de retorno dos cerca de 4 milhões de refugiados palestinos e descendentes às cidades que tiveram de abandonar após a criação de Israel, em 1948.
À época do encontro de Taba, a Intifada ainda vivia seus primeiros momentos. Os EUA e o então premiê de Israel, Ehud Barak, ofereceram ao líder palestino uma proposta que ia além daquela rejeitada por Arafat na cúpula de Camp David (EUA), em julho de 2000.
Tentavam interromper a violência e reavivar as negociações diplomáticas. A delegação palestina aceitou "com profundas restrições" o plano Clinton.
O diálogo prosseguiu até o fim de janeiro de 2001, mas foi suspenso após a derrota de Barak para Ariel Sharon em eleições antecipadas para premiê.
Indagado sobre suas declarações ao "Haaretz", Arafat pareceu confuso, segundo a agência Reuters: "Clinton? Não há nenhum plano para Clinton."
Seu assessor Nabil Abu Rdeneh afirmou que os palestinos vêem "positivamente" todas as iniciativas de paz do passado, mas salientou que a posição oficial israelense mudou sob o comando de Sharon.
"O plano de Clinton não serve como ponto de partida", disse Raanan Gissin, porta-voz de Sharon. "Isso está fora de questão." Israel exige o fim do terrorismo como condição para retomar o diálogo.
Apesar da grande rivalidade pessoal, Arafat disse também acreditar na possibilidade de selar um acordo de paz com Sharon. Segundo o líder palestino, o premiê já aceitou desmantelar no passado assentamentos no deserto do Sinai (Egito), além de ter ajudado a formular, como chanceler de Binyamin Netanyahu, os acordos de paz de Wye (1998).


Com agências internacionais

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