São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

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TERROR

Seis turistas ficam feridos no sul do país; aumenta alerta de segurança para cúpula da União Européia, em Sevilha

ETA explode 3 carros-bomba na Espanha

Reuters
Manifestantes antiglobalização nus protestam em Sevilha, sede da cúpula da União Européia


DA REDAÇÃO

Três carros-bomba explodiram ontem na Espanha: dois no sul, deixando seis feridos -um em estado grave-, e um no norte do país. A polícia acusa os separatistas do ETA (grupo terrorista basco) de autoria dos atentados.
Os dois primeiros carros explodiram em resorts de Fuengirola e de Marbela, a 150 km de Sevilha (sul), onde ocorre uma cúpula da União Européia. Em Zaragoza (norte), a explosão ocorreu no estacionamento da loja de departamentos El Corte Inglés.
No resort de Fuengirola, a explosão feriu um casal espanhol, três crianças -duas delas britânicas-, um marroquino e um britânico de cerca de 30 anos, este em estado grave.
As autoridades disseram ter recebido um telefonema em nome do ETA (iniciais em basco de Pátria Basca e Liberdade) antes da primeira explosão, a ocorrida em Fuengirola, uma praia bastantes popular perto de Málaga.
O impacto quebrou vidros nos dez andares do hotel Las Piramides, provocando um início de pânico. O turista em estado grave foi atingido por estilhaços.
O segundo carro-bomba foi detonado poucas horas depois num luxuoso resort de Marbela, a menos de 30 km de distância do local do primeiro atentado. Houve danos no hotel Sultan, mas a explosão não deixou feridos.
"Não é a primeira vez que isso acontece na região da Andaluzia", disse o ministro do Interior espanhol, José Torres Hurtado.
Ataques semelhantes foram cometidos pelos terroristas bascos na mesma época do ano passado, começo de verão na Europa, quando os balneários do sul do país estão repletos de turistas.
Para o ministro, deve haver "uma célula itinerante do ETA na região" cometendo os atentados.
Cada bomba tinha aproximadamente 30 kg de explosivos. Na semana passada, a polícia espanhola achou cerca de 130 kg de explosivos, junto com detonadores e materiais para a confecção de bombas, em Valência.
Apesar de já contar com mais de 10 mil policiais na cúpula de Sevilha, o governo espanhol aumentou o estado de alerta de suas forças de segurança.

Atenção da mídia
Embora o ETA não costume assumir logo a autoria de atentados desse tipo, as autoridades espanholas dizem não ter dúvidas sobre quem teria feito os de ontem.
"O ETA ataca quando e onde pode. Mas, quando há eventos de grande impacto na mídia, como a reunião de Sevilha, eles tentam tirar vantagem disso", afirmou Pio Cabanillas, porta-voz do governo da Espanha.
"Minha condenação a esse horror terrorista é total. E seria assim mesmo que não houvesse britânicos feridos", disse o chanceler do Reino Unido, Jack Straw.
A União Européia colocou o ETA em sua lista de grupos terroristas logo depois dos atentados de 11 de setembro nos EUA.
Paris e Madri passaram então a realizar uma ofensiva contra os separatistas bascos, que pleiteiam um país independente em áreas do sul da França e do norte da Espanha. E o Parlamento espanhol está discutindo uma lei para cassar o Batasuna, braço político do ETA.
Na quinta-feira, um comunicado dos separatistas disse que a UE abandonou os bascos, reclamando que "não há espaço para o País Basco na Europa de hoje".
O ETA já matou mais de 800 pessoas numa campanha violenta de quase 30 anos pela independência basca.

Com agências internacionais


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