São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Abu Sabaya, do grupo Abu Sayyaf, era alvo do governo dos EUA, que o acusava de elo com a Al Qaeda

Filipinas anuncia morte de líder terrorista

DA REDAÇÃO

Abu Sabaya, líder do grupo extremista islâmico que aterroriza o sul das Filipinas e é alvo da expansão da guerra norte-americana contra o terrorismo, foi dado como morto ontem por autoridades filipinas.
Sabaya, 39, liderava uma facção do Abu Sayyaf, grupo terrorista que, segundo os EUA, tem vinculação com a rede Al Qaeda e que sequestrou 102 pessoas no último ano. Alguns reféns fugiram e outros foram libertados (após o pagamento de resgate). Em uma única ação, 18 reféns foram mortos, incluindo dois norte-americanos (um decapitado e outro morto a tiros durante uma tentativa de resgate).
Militares informaram que forças especiais filipinas -com a ajuda de forças norte-americanas no que se refere à comunicação e a informações de inteligência- localizaram Sabaya e outros seis homens em um barco perto da ilha de Mindanao (no sul das Filipinas, país de maioria católica), onde os grupos guerrilheiros muçulmanos querem criar um Estado islâmico independente.

Buscas
O general Ernesto Carolina disse que um soldado afirmou ter atirado nas costas de Sabaya, que já estaria ferido, enquanto ele tentava fugir. O soldado disse ter visto o corpo de Sabaya afundando. As buscas continuavam para tentar encontrar o corpo.
Carolina disse que o confronto entre o grupo de Sabaya e as tropas filipinas começou às 4h20 de ontem (horário local), depois que soldados localizaram um barco navegando "sorrateiramente" perto da ilha de Mindanao. Usando equipamentos de visão noturna, os soldados viram sete homens armados a bordo e decidiram interceptar o barco.
Os rebeldes atiraram contra as tropas, que passaram a disparar e atingiram Sabaya e outros dois rebeldes.
De acordo com Carolina, um soldado filipino atirou contra um rebelde que tentava fugir -identificado mais tarde como Sabaya por quatro guerrilheiros que se renderam.
Os militares filipinos disseram que estavam no encalço de Sabaya desde que uma tentativa de resgate no dia 7 de junho deixou dois reféns do grupo mortos (além de três rebeldes).
O Abu Sayyaf conta com pelo menos 500 membros armados e se especializou em sequestrar estrangeiros e pedir grandes somas como resgate.
Gloria Macapagal Arroyo, presidente das Filipinas, que prometeu pôr fim ao grupo separatista islâmico, cumprimentou os militares afirmando: "Os terroristas vão ser caçados sem descanso onde quer que estejam. Não vamos parar até que todos eles sejam capturados. Embora já tenham se comportado como reis, os rebeldes do Abu Sayyaf agora são como ratazanas se escondendo nos buracos".

Cautela
O secretário da Defesa das Filipinas, Angelo Reyes, advertiu contra comemorações precoces. "Não deveríamos abrir a garrafa de champanhe cedo demais", disse Reyes.
"Nós ainda temos de manter a vigilância porque as ameaças terroristas permanecem. Se nós celebrarmos agora, e amanhã houver um ataque terrorista ou alguém for sequestrado, nós vamos nos decepcionar novamente", afirmou.

Satisfação dos EUA
O presidente dos EUA, George W. Bush, descreveu a morte de Abu Sabaya, 39, como um "evento significativo". Sabaya, segundo Bush, "encontrou sua sina".
Bush também elogiou Arroyo por "ser firme, valente e forte ao ajudar a livrar o mundo dessa ameaça". "Eu aprecio a liderança e a força dela", declarou o presidente.
As tropas dos EUA nas Filipinas se limitam a auxiliar os soldados locais contra os extremistas, mas os americanos podem disparar em "legítima defesa". Recentemente, Washington ofereceu uma recompensa de US$ 5 milhões pela captura de Sabaya.


Com agências internacionais


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