São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2004

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Seul manterá tropas apesar de refém

DA REDAÇÃO

Seul anunciou ontem que manterá o plano de enviar ao Iraque 3.000 soldados a partir de agosto, apesar do seqüestro de um sul-coreano pela insurgência iraquiana, que ameaçava decapitá-lo.
"Não há mudança na posição do governo. Mandaremos tropas para ajudar a estabelecer a paz e a reconstruir o Iraque", disse o vice-chanceler, Choi Young-jin. O presidente, Roh Moo-hyun, chamou o episódio de "um infortúnio profundamente lamentável".
A TV por satélite Al Jazira, de Qatar, exibiu anteontem um vídeo gravado por supostos membros do grupo comandado pelo terrorista jordaniano Abu Musab Zarqawi, ligado à Al Qaeda e suspeito de uma série de atentados no Iraque, no qual o sul-coreano Kim Sun-il implora por sua vida e pede a Seul que retire suas tropas do Iraque. Já há no país uma equipe de apoio de quase 700 engenheiros e médicos militares.
Os seqüestradores deram 24 horas para a exigência ser cumprida, ameaçando, em caso contrário, "mandar a cabeça do coreano".
Até o fechamento desta edição, não havia notícia sobre o cumprimento ou não da ameaça. Na sexta-feira, o engenheiro americano Paul Johnson foi degolado por extremistas que o seqüestraram na Arábia Saudita. As imagens foram publicadas na internet.
Segundo a imprensa local, Kim, 33, trabalhava no Iraque havia oito meses para a sul-coreana Gana General Trading, Co., fornecedora do Exército americano. Os jornais locais também afirmaram, citando a Gana, que outros dez estrangeiros foram capturados com o sul-coreano -inclusive um jornalista europeu. A notícia não pôde ser confirmada.
Kim foi seqüestrado no último dia 17. quando fazia uma entrega em Fallujah, no oeste do Iraque, disse um porta-voz da empresa. O presidente da Gana tentou negociar sua libertação, em vão.
A decisão de manter o destacamento gerou protestos em pelo menos três grandes cidades sul-coreanas. Em Seul, centenas de manifestantes fizeram vigília durante a madrugada de ontem para pedir a libertação de Kim e exigir a desistência do envio de tropas.

Mortes
A violência seguiu no Iraque com a morte de cinco iraquianos em um ataque a bomba em uma estrada na região de Mossul (norte) e de quatro soldados americanos em Ramadi, no Triângulo Sunita -um bastião do regime deposto que se estende a oeste e ao norte da capital. O comando americano confirmou as baixas, mas não esclareceu as circunstâncias.
Na vizinha Fallujah, centenas de pessoas protestaram contra um ataque aéreo americano que matou 22 pessoas no sábado. Os EUA afirmam que o alvo era uma casa onde se escondia Zarqawi, mas a população e a polícia local dizem que o local era ocupado por civis.
Também ontem, autoridades iraquianas anunciaram a retomada parcial das exportações de petróleo após um duplo ataque, na semana passada, contra oleodutos na região de Basra (sul). Mas os reparos não foram concluídos.


Com agências internacionais

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