São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2005

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DIPLOMACIA

Khai é o primeiro dirigente vietnamita de alto nível a visitar o país desde a guerra; manifestantes cobram democracia

Vietnamita encara protesto em visita histórica aos EUA

Shawn Thew/Efe
Manifestantes empunham bandeiras, em Washington, em protesto por liberdade no Vietnã


DA REDAÇÃO

O premiê Phan Van Khai tornou-se ontem o primeiro dirigente vietnamita de primeiro escalão a visitar a Casa Branca desde o final da Guerra do Vietnã, em 1975. Mas ele foi recebido por manifestantes americanos de origem vietnamita que cobraram liberdade e eleições livres no país -que vive sob regime de partido único, o Partido Comunista do Vietnã.
O envolvimento americano na Guerra do Vietnã se deu sob o argumento de que era necessário impedir que o país se tornasse comunista. Mas hoje, a despeito das diferenças ideológicas, os EUA são o principal parceiro comercial do Vietnã -cerca de US$ 6,4 bilhões em negócios em 2004.
Khai, em entrevista, não disse se Bush lhe pediu democracia -afirmou apenas que ambos "concordaram em discordar" sobre certos assuntos. Mas o senador John McCain, que foi prisioneiro de guerra no Vietnã, disse que cobrou de Khai a realização de eleições livres.
Nos últimos anos, além da questão democrática, o problema da falta de liberdade de culto é a principal fonte de tensão entre as autoridades americanas e vietnamitas.
Em 2004, os EUA incluíram o Vietnã na lista de "países que mais preocupam" em relação a esse assunto, o que poderia resultar em sanções. Antes da visita de Khai, legisladores americanos haviam denunciado a prisão de líderes religiosos no Vietnã.
Bush mencionou que, durante o encontro, foi firmado um acordo "que facilitará a prática religiosa no Vietnã" e agradeceu a ajuda das autoridades vietnamitas nas operações de busca de corpos dos soldados americanos que foram mortos durante a guerra.
Além disso, Bush anunciou que pretende visitar o Vietnã em 2006. "O primeiro-ministro gentilmente me convidou para ir ao Vietnã por ocasião do Fórum de Cooperação Ásia-Pacífico", comentou o presidente. Bill Clinton, antecessor de Bush, visitou o país asiático em 2000.
O encontro de ontem simboliza a tentativa de normalização nas relações diplomáticas entre Washington e Hanói, retomadas há dez anos -20 anos após o fim do conflito que deixou um saldo de mortos de cerca de 58 mil americanos e 1 milhão de vietnamitas.
Khai afirmou que sua visita à Casa Branca "mostra que as relações entre Vietnã e EUA entraram em uma nova etapa de desenvolvimento". Comentou, porém, que ele e Bush reconhecem "que continua a haver diferenças" entre os dois países devido a "condições distintas e a diferentes história e cultura".

Fuga da guerra
Uma das polêmicas mais exploradas na última campanha presidencial norte-americana foi a acusação de que Bush teria fugido do serviço militar e usado de influências familiares para não participar da Guerra do Vietnã.
Apesar de ter atingido o mais baixo índice permitido no teste de aptidão para piloto, 25%, o presidente foi admitido na Guarda Nacional do Texas, onde as chances de ser mandado ao Vietnã eram mínimas. Na época, a conta de americanos mortos em combate chegava a 350 por semana.

Com agências internacionais

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