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CONFLITO INTERNO
Presidente reage à decisão parlamentar nomeando o aliado para o cargo de vice-presidente
Parlamento do Irã depõe ministro reformista
das agências internacionais
O Parlamento iraniano destituiu
ontem o ministro do Interior, Ali
Abdollah Nouri. O presidente Mohamad Khatami o nomeou vice-presidente em seguida.
Nouri, 49, foi nomeado "vice-presidente encarregado de desenvolvimento e assuntos sociais" pelo presidente iraniano,
que destacou sua "competência".
Segundo a televisão iraniana,
Mostafa Tajzadeh deve assumir o
cargo de ministro do Interior.
Numa sessão transmitida ao vivo pela televisão iraniana, 137 deputados votaram a favor de uma
moção de censura contra Nouri, e
117 votaram contra. Onze deputados se abstiveram. No total, dos
270 deputados do Parlamento, 265
estavam presentes.
Os partidários de Nouri tentaram impedir a moção de censura,
que pode prejudicar as reformas
políticas prometidas pelo presidente Khatami. Nouri era um dos
ministros que mais receberam críticas dos conservadores em agosto
do ano passado, quando foi nomeado por Khatami para o cargo.
Deputados conservadores disseram que Nouri era "uma fonte de
tensões para o regime" e que ele
deixou crescer "a insegurança, a
criminalidade e o tráfico de drogas" no Irã.
As críticas a Nouri envolvem
acusações de que ele permitiu a
realização de manifestações públicas feitas por estudantes em apoio
ao prefeito de Teerã, Gholamhossein Karbatschi, demitiu funcionários antigos no Ministério do
Interior e adotou uma postura
pró-reformas.
Karbatschi é aliado do presidente Khatami e está sendo acusado
de corrupção pelo Judiciário, controlado pelos conservadores.
Eleições parlamentares
Analistas políticos afirmaram
que os deputados podem ter sido
motivados pelo medo de que Nouri pudesse usar sua posição para
influenciar o resultado das votações parlamentares de março do
ano 2000, colocando suas cadeiras
em perigo.
"A direita está preocupada com
o controle de Nouri sobre as próximas eleições no Parlamento. É
compreensível que ela o desafie",
disse um analista político. "A linha política do Parlamento está
mais clara. Os Poderes Legislativo
e Judiciário se opõem ao governo", disse. O "próximo alvo" seria o ministro da Cultura e da
Orientação Islâmica, bastante criticado pelos conservadores.
O presidente do Parlamento, Ali
Akbar Nateq Nouri, afirmou que a
moção de censura "não implica
um conflito entre o Executivo e o
Legislativo, ao contrário do que
diz a propaganda estrangeira".
Ante da votação, Nouri afirmou
que o governo de Khatami não seria detido pela queda de um ministro. "O governo é tão poderoso
que não será enfraquecido."
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