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IRAQUE OCUPADO
Empresa será responsável por coordenar taxas de juros, emissão de moeda, estrutura bancária e privatizações
EUA privatizam a economia iraquiana
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Os EUA vão colocar em breve o
destino da economia iraquiana
nas mãos de uma empresa americana. A companhia, que deverá
ser escolhida ainda nesta semana,
será responsável por coordenar as
taxas de juros, a emissão da nova
moeda, a estrutura bancária e o
processo de privatização.
A empresa comandará ainda a
transição, para um sistema de
mercado, do esquema de alimentação dos iraquianos, atualmente
baseado no programa da ONU
"Petróleo por Comida" -que
atende 60% da população e que
deverá acabar até novembro.
Dez competidores foram aceitos na concorrência, promovida
pela USAID (agência de assistência do governo dos EUA). Segundo o jornal "USA Today", a vencedora será a BearingPoint, ex-KPMG -que, na campanha de
2000, foi a 14ª maior doadora da
candidatura de George W. Bush.
A KPMG foi também uma das
empresas envolvidas na série de
escândalos contábeis com empresas americanas a partir de 2001.
A assessoria da USAID, porém,
definiu o anúncio prévio da vencedora como "especulação".
Enquanto a Bolsa de Nova York
caiu 1% ontem, as ações da companhia subiram 3,3%. Desde a tomada de Bagdá, em abril, o valor
de suas ações já subiu 80%.
Também ontem, no Iraque, o
subsecretário da Defesa, Paul
Wolfowitz, afirmou que seu país
não pode resolver da noite para o
dia o problema econômico do Iraque. "Embora possamos fazer
muitas coisas, não somos deuses", disse ele, segundo a Associated Press. "O principal problema
é que as pessoas precisam de trabalho. Nós entendemos porque
elas estão impacientes", disse.
Até aqui, o maior contrato concedido pelo governo americano
foi dado à Bechtel, uma companhia da Califórnia que poderá receber até US$ 680 milhões por
obras de infra-estrutura física.
A nova licitação, embora de menor valor -estima-se que chegaria a US$ 200 milhões pelo período de um ano-, tem caráter mais
estratégico. Na ausência de um
governo iraquiano, a administração do país está hoje a cargo de
um órgão anglo-americano, a Autoridade Provisória da Coalizão.
Ela, porém, está focada em conter
a insegurança no país, e não em
elaborar políticas econômicas.
Quem ganhar a licitação vai, por
exemplo, orientar a formulação
de leis comerciais e tributárias.
Ajudará a definir regras de câmbio e o nível da taxa de juros. Precisará montar uma firma de microcrédito no Iraque para fazer
pequenos empréstimos (até US$
10 mil) a iraquianos que queiram
criar ou expandir uma empresa.
A companhia terá também que
preparar o país para o final do
"Petróleo por Comida", um dos
mais delicados pontos de negociação sobre o Iraque na ONU. No
contrato, a USAID aponta que será preciso ajustar a produção de
comida no país e, além disso,
montar um programa assistencialista. "O impacto da cultura de
dependência criada pelo programa, ao lado de grandes distorções
nos preços agrícolas, vai limitar
muito a formação de um setor de
agricultura viável", diz a USAID.
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