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GUERRA SEM LIMITES
Segundo o "Post", relatório dirá que os governos Bush e Clinton tiveram dez chances para impedir os ataques
Para comissão, 11/9 era evitável, diz jornal
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
A comissão do Congresso dos
EUA que investigou o 11 de Setembro vai acusar o atual governo
e o anterior de terem perdido ao
menos dez chances de impedir os
atentados em 2001, segundo o jornal "The Washington Post".
Em relatório que será divulgado
hoje, os parlamentares que apuraram a atuação dos serviços de inteligência no episódio devem dizer, de acordo com o "Post", que o
governo de George W. Bush perdeu seis oportunidades de atuar
contra os terroristas.
O "Post" afirma que os serviços
de inteligência do governo de Bill
Clinton (1993-2001) teriam perdido outras quatro chances.
Bush afirmou ontem que, se tivesse conhecimento dos preparativos dos atentados, teria "movido céus e terras" para impedi-los.
Fontes citadas pelo ""Post" afirmaram que algumas das oportunidades perdidas eram difíceis de
ser identificadas. Outras, no entanto, revelaram uma preocupante falta de comunicação entre as
autoridades policiais e de investigação norte-americanas.
O relatório da comissão, de 600
páginas, ouviu dezenas de autoridades, secretários e ex-secretários
de Estado nos últimos meses. O
documento será divulgado quatro
dias antes da Convenção Nacional do Partido Democrata, que
apontará formalmente o senador
John Kerry como adversário de
Bush nas eleições presidenciais de
2 de novembro.
Com a responsabilidade pelo
fracasso na descoberta dos terroristas dividida entre Bush (republicano) e Clinton (democrata),
os resultados da comissão poderão ter um impacto negativo muito aquém do esperado contra o
atual presidente.
Caso Moussaoui
Uma das principais oportunidades perdidas, segundo o relatório,
ocorreu no governo Bush, no caso
do francês de descendência marroquina Zacarias Moussaoui, o
único indiciado formalmente nos
EUA pelo 11 de Setembro, sob
acusação de participar do planejamento dos ataques.
Moussaoui havia sido preso em
Minneapolis em agosto de 2001,
por violar leis de imigração. Uma
escola de aviação local avisara ao
FBI (polícia federal dos EUA) que
ele, matriculado como aluno, estava mais interessado em aprender a voar do que a pousar aviões.
No início de setembro daquele
ano, um agente do FBI sugeriu
que Moussaoui era "do tipo capaz
de lançar um avião contra o
World Trade Center". Mas ele foi
liberado, sem que o FBI obtivesse
aval para vasculhar sua casa. A direção do FBI nem sequer fora informada sobre o seu caso.
Al Qaeda e Saddam
O relatório também deve afirmar, de acordo com o "Post", que
as supostas relações entre a rede
terrorista Al Qaeda e o Iraque de
Saddam Hussein eram muito menos profundas do que as mantidas com o Irã.
O governo Bush usou essa suposta aliança entre a Al Qaeda e
Saddam como uma das justificativas para invadir o Iraque.
Embora o documento não apresente nenhuma indicação de que
o governo iraniano possa ter conhecido ou auxiliado os ataques
do 11 de Setembro, Teerã nunca
teria tido restrições ao fato de que
membros da Al Qaeda cruzassem
livremente as fronteiras do país.
Segundo informações divulgadas nesta semana, pelo menos dez
dos terroristas envolvidos no 11
de Setembro transitaram pelo Irã
semanas antes dos atentados.
Uma das recomendações do relatório deverá ser a criação de um
conselho especial para monitorar
e agregar informações do FBI e da
CIA (o serviço secreto dos EUA).
A reestruturação incluiria modificações em várias outras agências norte-americanas encarregadas da segurança no país. Todas
as áreas também deveriam passar, segundo a análise da comissão, a prestar contas a essa nova
comissão especial.
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